Passada a eleição municipal, segue a vida, cada vez mais dura, para o povo. A pandemia recrudesce e os trabalhadores que seguem trabalhando continuam desprotegidos, principalmente pela criminosa ausência de testagem.
A cada nova estatística se constata o aumento do desemprego.
Na mesa das famílias trabalhadoras os alimentos básicos continuam proibitivos.
Uma situação que vai se agravar e ela se liga ao grande crescimento da parte da população que não se interessa em participar das eleições e se abstém, vota nulo ou branco. Um aprofundamento da crise de representação que não é um fenômeno brasileiro, mas ocorre em várias partes do mundo e vem acompanhada das explosões com fortes mobilizações nas ruas, como ocorre no Chile desde 2019 e agora chega ao Peru.
Neste quadro uma pergunta se coloca: por que porta-vozes da burguesia insistem em dizer que o PT é o grande derrotado nestas eleições?
O PT sai das eleições municipais estagnado no patamar de 2016, auge da ofensiva contra o partido com o golpe. Isto por certo não é um balanço positivo, até porque a expectativa no partido era de uma retomada. Mas, há que registrar: há um deslocamento do voto PT dos grotões (movimento iniciado em 2006) para as grandes cidades, ali onde a classe trabalhadora está concentrada e mais organizada.
A mídia alardeia a derrota do PT e a “grande” vitória de partidos de direita, procurando uma alternativa a Bolsonaro, que fingem não ter ajudado a criar. O fato é que há um aumento da fragmentação partidária na direita e o PT, que devia ter sido varrido, mesmo se não foi vitorioso segue ocupando um lugar singular que lhe permite ser um ponto de apoio quando o povo explodir nas ruas com suas exigências. A explosão social e sobrevivência do PT é a combinação que apavora a burguesia.
Isto quer dizer que está tudo bem, como dizem setores do partido, num verdadeiro “vamos que vamos”? Não! Nestas eleições se aprofundou um dilaceramento do partido. Casos notáveis, são São Paulo e Recife, mas não só.
A campanha revelou problemas que permanecem em função do balanço não feito, em particular dos 13 anos de governo. A campanha monocórdica do legado não convenceu muito. Afinal não foram feitas as profundas reformas que precisavam ser feitas para a conquista da soberania, nacional e popular. Permanecem intactas as instituições, como o Congresso Nacional que vota dia sim, outro também, ataques ao povo, retrocedendo, inclusive, as conquistas durante os governos petistas. O Judiciário, conivente com a farsa de Moro, protela o julgamento sobre a parcialidade do ex-juiz e mantém Lula sem direitos políticos.
Alianças espúrias, feitas contra a resolução do 7º Congresso, é outro baita problema e confunde o PT com “tudo que está aí”. Parte de votos dos partidos de direita contou com a contribuição do PT!
O balanço deve ser feito. Mas, de imediato, para começarmos a sair desta maré, o partido deve entrar fundo na organização da luta pelas necessidades do povo trabalhador. As 7 medidas de emergência levantadas pelo Diálogo e Ação Petista (ver OT 877) durante a campanha eleitoral seguem na ordem do dia!
Afinal, mesmo se saiu muito chamuscado das eleições, Bolsonaro vai seguir atacando e para isto conta, além dos generais, com as demais instituições.
É hora de organizar a luta e estarmos ao lado do povo quando, também no Brasil, as ruas forem tomadas pela raiva de quem não aguenta mais as condições de vida que são impostas. 2021 vem aí!