Crise bancária e desemprego forçado nos EUA

O banco Sillicon Valey (SVB) quebrou neste início de março. Foi a segunda maior falência na história dos bancos dos EUA. Seus clientes-correntistas e investidores, eram sobretudo grandes empresas “Big Tech” e muitas “start-ups” do setor de alta tecnologia (internet etc.). Um ramo que testemunhou uma bolha especulativa de investimentos nos últimos anos, que elevara fortemente o fluxo de depósitos em tal banco e outros similares.

Tal bolha foi facilitada por mais de uma década de taxa de juros baixíssimas praticadas pelo FED (banco central dos EUA), intensificado no primeiro ano da pandemia. Mas de um ano para cá, sob o pretexto de lutar contra a alta inflação (causada pela alta nos preços nos mercados globais devido à guerra na Ucrânia e à pandemia), o FED, decidiu lutar contra os salários dos trabalhadores, impedindo-os de recuperarem seu poder de compra frente à disparada da cesta básica. Procurando elevar o desemprego para enfraquecer o poder de barganha dos trabalhadores, o FED tem subido intensamente a taxa de juros, vendendo massivamente títulos públicos (desvalorizando-os) e recolhendo, assim, moeda de circulação.

Este aperto monetário provocou simultaneamente dois movimentos. Primeiro: uma queda na atividade em vários ramos industriais, mas particularmente no de tecnologia. Apenas as empresas do ramo tecnológico demitiram 161 mil trabalhadores no ano passado. E neste ano, até agora, outros 140 mil. Isso a despeito dos lucros recordes obtidos nos anos anteriores. Em 2022, a lucratividade reduziu-se um pouco embora tenha se mantido altíssima: Microsoft, Alphabet (Google), Meta (Facebook, Whatsapp) e Amazon juntas lucraram US$ 243 bi.

Segundo: uma onda de saques de correntistas (empresas “tech” sobretudo), que atingiu em cheio o SVB. Ele teve dificuldades em garanti-los já que mantinha uma parte incomumente grande de seus US$ 209 bilhões (mais de R$ 1,1 tri) de ativos em títulos públicos, que tiveram uma enorme depreciação devido à alta nos juros do FED.

Uma onda de desvalorização nas ações de vários bancos chacoalhou os mercados globais. E tem ameaçado quebrar outras instituições financeiras de peso americanas (Signature Bank) e mesmo gigantes estrangeiras. O FED e o governo Biden, obviamente, procura socorre-las para salvar o lucro de seus “investidores” bilionários.

Alberto Handfas

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