CUT-RS debate a situação frente à pandemia

Desde o início da pandemia a CUT/RS, com os sindicatos da área da saúde, se lançou em campanha exigindo dos governos a testagem e agora a vacina para a Covid-19. Esta semana os sinais de colapso do sistema gaúcho de saúde público e privado apareceram. Postos de saúde e hospitais estão abarrotados, a pandemia cresce e mesmo assim os trabalhadores não deixam de lutar por condições de trabalho. Foi o que mobilizou médicos, enfermeiros e técnicos no ato do Posto da Cruzeiro (Porto Alegre) que num ato presencial (22/02) denunciaram a falta de lençóis limpos, alimentação para pacientes e ampliação da força de trabalho.

Ato do Posto da Cruzeiro, Porto Alegre, 22/02
Ato do Posto da Cruzeiro, Porto Alegre, 22/02

No planejamento da direção da Central, com abertura de João Pedro Stédile (MST), um debate se colocou. João Pedro anunciou que as mobilizações “só virão depois da vacina, pois não somos irresponsáveis em chamar o povo para a rua”. Uma pergunta se impõe: como é possível combater a privatização do Banco do Brasil, da Petrobras, ou a reforma administrativa e os ataques à educação e à saúde “dentro de casa” enquanto Bolsonaro passa a boiada? No ritmo atual de vacinação 70% da população só será imunizada em 2024. Justamente por isso não é necessário mobilizar os trabalhadores para que a testagem em massa e as vacinas cheguem o quanto antes?

Vacinação por empresa?
Outra polêmica se deu em torno da vacina. Dirigentes metalúrgicos anunciaram a discussão com os patrões sobre a vacinação por empresa, reproduzindo a posição da Força Sindical dentro da CUT sobre o tema. A resposta veio imediatamente de uma dirigente sindical da saúde. De modo contundente ela explicou que a vacina privada é um atalho para abandonar os trabalhadores que estão na linha de frente contra a pandemia, pois a maioria da sua categoria “não tem plano de saúde e sequer é atendida nos hospitais que trabalham”. Ao final, a CUT/RS reafirmou sua posição em defesa da vacina pública, gratuita e pelo SUS. Mas sinais de alerta foram acessos. A negociação das vacinas por empresa além de abandonar a defesa do SUS e a pressão sobre Bolsonaro abre a via para deixar milhões de trabalhadores do mercado informal ou desempregados à própria sorte. Fora a falta de solidariedade de classe mais elementar.

Marcelo Carlini

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