De Moscou a Pequim

A cúpula da Otan realizou-se em 11 e 12 de abril em Vilnius, na Lituânia. Zelenski saiu de lá desapontado porque a Ucrânia não foi integrada à Aliança. E, no entanto, muitos países, incluindo a Polônia, os países bálticos, a Turquia e a França, haviam apoiado a inclusão, enquanto os outros não eram necessariamente contra.

Mas Biden disse não. E a Otan é propriedade dos Estados Unidos. Suas razões: não se pode integrar um país em guerra à Otan, pois isso significaria, de acordo com o artigo 5º da Carta, que a própria Otan teria que entrar em guerra contra a Rússia.

Mas esse não é o objetivo de Biden. Seu objetivo é colocar a Rússia de joelhos e cercá-la. O que já foi alcançado, com a inclusão da Suécia e da Finlândia, países até então neutros, que se recusaram a entrar para a Otan quando ela foi formada após a Segunda Guerra Mundial. Como disse uma autoridade dos EUA, o Mar Báltico é agora “um lago da Otan”.

A militarização na Europa e os orçamentos militares em alta, são também um meio de conter a crise na economia capitalista mundial, fazendo girar a indústria de armamento, correia motriz da economia capitalista em crise. Mas um dos objetivos dessa cúpula é ilustrado pelo convite feito a países que não são membros da Otan. É o caso do Japão, da Coreia do Sul, da Austrália e da Nova Zelândia.

Ora, a Otan é uma aliança do Atlântico Norte entre os países da Europa, os Estados Unidos e o Canadá. O convite a esses quatro países do Pacífico é, portanto, dirigido diretamente contra a China. Aliás, a imprensa de Pequim entendeu isso muito bem. O diário Huanqiu Shibao denuncia “uma Otan mais ambiciosa e mais agressiva (…). Se a Otan não se contiver, as consequências serão desastrosas”.

Na verdade, desde que se tornou presidente, Biden tem procurado “reequilibrar” as relações econômicas com a China em favor dos Estados Unidos. Biden tem pressionado – sem muito sucesso – por realocações para os Estados Unidos, exigindo da China uma atenuação de suas normas e regulamentos. A pressão militar sobre a China serve também a este propósito.

Lucien Gauthier
Publicado no jornal francês Informações Operárias (ed.766)
Tradução de Adaias Muniz

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