Depois do 10 de junho, ampliar a discussão sobre a greve geral

 Na defesa de seus direitos ameaçados, a ação conjunta da classe trabalhadora impõem-se

A jornada de luta de 10 de junho, ainda que não na amplitude necessária, registrou paralisações de diversos setores (ver pag. 6) e atos de massa importantes em praticamente todas as capitais. Em vários desses atos, dirigentes da CUT defenderam a realização da greve geral no próximo período.

Esta combinação de paralisações com momentos de concentração dos manifestantes ao longo do dia, registra um avanço em relação à jornada anterior de 10 de maio.

Sim, pois na jornada de maio, ainda que tenham ocorrido paralisações localizadas, o que sobressaiu foram as queimas de pneus para bloquear rodovias e avenidas (que não ocorreram em 10 de junho) e os manifestantes ficaram dispersos.

Há, assim, um amadurecimento sobre a necessidade da entrada em cena da classe trabalhadora com seus métodos de luta – greve, paralisação, piquetes – para que haja um giro na situação política que inviabilize o governo golpista de Temer, barrando os seus ataques aos direitos sociais, trabalhistas e à soberania nacional

Um exemplo em Santa Catarina

A Executiva nacional da CUT encaminhou um plano de mobilização para as seções estaduais da CUT e ramos, propondo assembleias nos locais de trabalho e sindicatos, plenárias de mobilização e de discussão sobre a necessidade de uma greve geral. O plano prevê, na primeira quinzena de julho, uma reunião ampliada da Direção nacional da central para deliberar sobre a greve geral.

Mas ainda são poucas as seções da CUT dos estaduais que convocaram suas plenárias. Em Santa Catarina, por exemplo, quatro dirigentes da CUT estadual recolheram adesões de outros sindicalistas para cobrar a convocação de uma plenária nos moldes propostos pela CUT nacional. Finalmente a plenária foi convocada pela Executiva estadual para 5 de julho. Atitudes como essa podem ajudar a desbloquear a discussão nos estados.

Superar obstáculos

Há sindicalistas que alegam que há confusão nas bases, que o desemprego afeta a mobilização ou ainda que é preciso esperar que Temer aplique as medidas anunciadas, pois só então a base vai reagir. Ora, esperar é desarmar a resistência. Se há confusão, o único meio de superá-la é através da discussão com a base sobre o que está em jogo

Num outro plano, discussões de bastidores, na imprensa e até públicas (a partir de entidades influenciadas pelo PCdoB) sobre “antecipação de eleições presidenciais” como saída para a crise, jogam na confusão e paralisia da vanguarda sindical. Afinal, se a solução está em outro lugar que não na greve geral, porquê fazê-la?

A saída para crise, para a classe trabalhadora, é derrotar as medidas anunciadas por Temer, tirando o seu governo ilegítimo do Planalto.

O ponto de partida é a defesa dos direitos ameaçados, cabendo à CUT explicar de onde vem os ataques aos trabalhadores. É a forma concreta de associar a luta em defesa dos direitos com a luta contra o golpe!

Júlio Turra


 

A questão da unidade de ação

Se o motor da greve geral é o “Nenhum direito a menos”, a CUT, a partir da consulta que está fazendo junto às suas bases e do seu convencimento da necessidade de utilizar essa forma de luta, pode propor às demais centrais sindicais a unidade de ação (mesmo as que dizem não haver golpe, como a Conlutas, ou que se dividem diante das medidas de Temer, como a Força Sindical).

Sim, pois, na atual situação, o terreno seria favorável para a CUT explicar que os ataques vêm do governo Temer, fruto de um golpe de Estado, e que eles estão a serviço do empresariado local e multinacional que quer liquidar direitos, destruir salários e empregos, para fazer a classe trabalhadora pagar o pato pela crise.

É claro que a condição para qualquer unidade de ação numa greve geral é que a CUT preserve total independência para expressar suas posições.

Uma plataforma de unidade para a greve geral teria que incluir, no mínimo, o combate à “reforma” da Previdência, a posição contrária a que o negociado prevaleça sobre a lei, contra a desvinculação das receitas para a Saúde e Educação, contra a entrega do Pré-sal para as multinacionais e as privatizações, em defesa dos salários e empregos.

Em todo o caso, o essencial neste momento é o engajamento de todos os dirigentes sindicais cutistas na batalha de preparação da greve geral em suas próprias bases.


 

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