Resistir é preciso

Antecipar eleições presidenciais é legitimar o golpe.

A invasão da sede nacional do PT por uma equipe fortemente armada da Polícia Federal em 23 de junho é um fato grave e inédito desde o fim da ditadura militar, mostra a situação do país com o golpe dado num conluio no interior das instituições do Estado, marcamente a ofensiva do judiciário contra as organizações dos trabalhadores.

Como diz a nota do Comitê Nacional do Diálogo e Ação Petista: “O objetivo das ações é criminalizar o PT e intimidar a sua militância pelo país afora, atemorizando as organizações populares em geral, no momento em que o governo golpista multiplica ataques aos direitos sociais e garantias nacionais duramente conquistados”.

Sem a legitimidade conferida pela vontade popular, a política golpista só poderá prosperar a ferro e fogo.

É assim, aos trancos e barrancos, que a equipe golpista instalada no Planalto, permanece lá e busca viabilizar seu objetivo, que é promover um ataque sem precedente à nação e aos trabalhadores.

Temer entregou as empresas aéreas ao capital estrangeiro, aprovada na Câmara, assim com a ampliação de 20% para 30% da desvinculação das verbas da educação e saúde (radicalizando a proposta errada do ex-ministro Barbosa de subir de 20% para 25%). E quer entregar o Pré-sal e as terras às empresas multinacionais. Anunciou a retirada de conquistas arrancadas nos últimos 13 anos, mas também ataques à Previdência Social e às garantias trabalhistas conquistadas há décadas, como direitos assegurados na CLT (fazendo o negociado prevalecer sobre o legislado) e também o projeto da terceirização.

Uma situação que, de conjunto, exige uma resposta organizada da classe trabalhadora.

Para tanto, a CUT abriu a discussão sobre a realização de uma greve geral – greve em defesa dos direitos ameaçados, objetivamente contra Temer e o golpismo – movimento para o qual os trabalhadores precisam contar com o conjunto de suas organizações num combate decidido, desde a base, na sua preparação.

Para isso, é preciso encarar um problema. Por que, depois de 10 de junho, último dia nacional de paralisação e manifestações, não cresce mais a resistência?

Ora, não é porque o governo golpista ganhe terreno junto às massas. Mas por uma certa confusão aberta nas fileiras do combate ao golpe.

A principal confusão é a proposta de plebiscito para a antecipação das eleições presidenciais, defendida pelo PCdoB, articulada por senadores, com apoio de setores do PT e da CUT (nos dois casos não sendo posição de instância).

Em primeiro lugar, se fosse para convocar um plebiscito, seria para dar a palavra ao povo sobre a convocação de uma Constituinte Exclusiva fazer a reforma política dessas instituições apodrecidas, para avançar nas reformas que, há quatro mandatos, são esperadas do PT.

Em segundo lugar, propor consultar o povo sobre a antecipação sinaliza a disposição de abrir mão do mandato conferido pelo povo em 2014, num “pacto das elites” no Senado, esvaziando desde já a denuncia do golpe.

Em última instância, a antecipação, independente das intenções de uns e outros, serve para legitimar o golpe dado para anular o resultado das urnas nas últimas eleições.

O que é preciso, é ampliar e fortalecer a resistência, lutando pela restituição da soberania do voto, com um governo Dilma compromissado com medidas conformes aos interesses populares.

A defesa da democracia não termina aí. Passa por fazer valer no governo, o contrário do ajuste fiscal, o inequívoco conteúdo do voto: a defesa dos empregos, salários, direitos e da riqueza nacional em benefício do povo.

Então, aí sim, Fora Temer, Nenhum Direito a Menos, é o primeiro passo.

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