Na sua segunda reunião, dias 21 e 22 de setembro, o DN eleito no Congresso de Junho adotou uma resolução positiva (abaixo), atualizando na conjuntura conquistas do 6o Congresso (Constituinte, por exemplo), com um balanço da Caravana de Lula que o torna “candidato irrevogável, Eleição Sem Lula é Fraude”. Não apareceram adeptos do “plano B”. O DN também abraçou a campanha da CUT pela revogação da reforma da CLT. Só a Articulação de Esquerda opôs outro texto, mas pareceu um protesto por não ser contemplada nos cargos da Executiva.
Ainda foi lançada uma campanha de filiação e apresentada a plataforma digital da Fundação Perseu Abramo, “O Brasil que o povo quer”, para discutir programa de governo. Sobre o ex-ministro Palocci, disse a DN que “colocou-se a serviço da perseguição político-eleitoral que é movida contra a liderança popular de Lula e o PT, rompeu seu vínculo com o partido e descomprometeu-se com a sua militância”, tendo sido suspenso do PT (mas dias depois se desfiliou).
Ainda não se discutiu o plebiscito do desgastado PED, apenas indicada uma comissão a respeito, assim como há questões sobre o futuro programa de governo.
Markus Sokol
Confira trechos da resolução política
1 – A profunda crise que o Brasil vive não pode ser desvinculada dos graves conflitos que ocorrem no cenário global. A busca, pelos EUA e outras potências hegemônicas, de uma saída para a sua própria crise econômica, não resolvida desde 2007/08, se desdobra em uma crise de dominação política, com agressões que põem seriamente em risco a paz e a segurança dos povos. Na América Latina, um dos mais graves aspectos da ofensiva conservadora é o ataque aberto do governo Trump à soberania da Venezuela, com a cumplicidade do governo Temer e outros governos subordinados, que se recusam a reconhecer a legitimidade de instituições democraticamente eleitas como a Assembleia Constituinte e o direito do povo venezuelano à autodeterminação.
2 – A crise de credibilidade das instituições – Executivo, Congresso Nacional e Judiciário –, confirmada em todas as pesquisas de opinião, é consequência do golpe que rasgou a Constituição e da resistência democrática e popular às políticas de regressão históricas. O povo não vê nelas a resposta que busca para seus anseios de bem-estar e justiça social, e, ao contrário, vê as instituições cada vez mais cúmplices, desde o impeachment da presidente Dilma e com a perseguição ao presidente Lula, de uma manipulação por interesses espúrios, antipopulares e antinacionais, os mesmos que estão quebrando setores inteiros da economia e impondo à população sacrifícios sem fim.
A crise política e moral das instituições só será resolvida pelo voto popular soberano. Apenas um novo governo, legitimamente eleito, poderá liderar o processo de reforma do Estado, cada vez mais necessário, inclusive para enfrentar os beneficiários do atual sistema que se lançam como enganosa alternativa antidemocrática.
A solução para a crise começa pelas eleições diretas e passa também, como deliberou o 6º Congresso do PT, por “adotar medidas de emergência que encadeiem reformas estruturais, que só um governo Lula pode conduzir, e que enfrentem a crise do ponto de vista das classes trabalhadoras; é necessária a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte que revogue as medidas antipopulares e antinacionais de Temer, reforme as instituições, realize a reforma tributária, a democratização dos meios de comunicação, a reforma agrária, com preservação ecológica, a reforma urbana e a proteção ambiental, a reforma do Judiciário, e assegure e amplie a oferta de empregos e a qualidade dos direitos sociais”.
3 – O PT reafirma a opção irrevogável pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2018. Não há dúvida de que eleição sem Lula é fraude! O ataque a Lula configura um ataque à democracia brasileira, especialmente, ao direito inviolável de escolha da cidadã e do cidadão. As espetaculares manifestações de apoio popular à caravana Lula Pelo Brasil, em sua passagem pelo Nordeste, confirmam o que as pesquisas já indicavam: Lula é a única liderança política capaz de mobilizar a esperança do povo na retomada da democracia, do desenvolvimento e das conquistas sociais.
Filiação, preferência e reconstrução
Em dez dias de Campanha de Filiação, segundo a Secretaria de Organização,1.896 pessoas pediram adesão ao PT. Quase um terço de São Paulo. E embora a maior parte tenha entre 30 e 44 anos (37%), chama a atenção a grande adesão de jovens (27%).
Também na pesquisa do Datafolha o PT se recupera. Ela confirma outras pesquisas, com Lula na frente em todos os cenários. A preferência pelo PT já foi 31% em 2012. Caiu a 9% em março de 2015 com frustração pelas medidas de ajuste fiscal do ministro Levy de Dilma (quando a direita saiu à rua), e estava em 9%, após as eleições, em dezembro de 2016.
Mas já em junho passado, quando do seu 6o Congresso, o PT atingiu 18% de preferência (ver pag.3). Tem a ver com o desgaste do golpismo, mas sobretudo com as posições que o PT tomou, depois que a base rechaçou o voto em Maia e se adotou algumas posições renovadoras no processo do Congresso, reafirmadas no último DN.