Após mais de um mês de greve, docentes da Uneb decidiram apelar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para ajudar a resolver o conflito com governador Rui Costa (PT) que cortou dias parados. A categoria até recorreu na Justiça, mas o governo não devolveu salário cortado.
A carta dos docentes, também endereçada a Lula, diz que “é importante que a direção nacional do partido não apenas esteja atenta aos desdobramentos no nosso cenário local, como procure construir uma ponte de resolução de conflitos tomando o lado da base, que é e sempre será os trabalhadores”.
Reeleito com servidores na campanha, Rui Costa vai na contramão. Na carta, os docentes afirmam que “embora reeleito pelo PT, Rui não demonstra interesse em escutar e valorizar as e os trabalhadores da educação, em especial da educação superior. Após mais de quatro anos sem alcançar sequer recomposição inflacionária, com promoções automáticas de carreira desrespeitadas, cortes e contingenciamentos sistemáticos dos recursos das universidades, a categoria e o ensino público superior do Estado se encontra numa condição insuportável”.
A postura do governador cai como uma bomba no PT cuja base espera o contrário. O Diálogo e Ação Petista disse, em nota, que essa atitude não só “surpreendeu os deputados petistas que intermediavam as negociações, como contraria a posição do PT que defende a negociação e o diálogo como saída para o conflito, como reafirmou recentemente o seu presidente estadual Everaldo Anunciação que disse ‘não concordar com o corte’”.
É tempo de mudar
A saída é dialogar, ao invés de interromper a negociação e cortar salário. Isso só dá espaço àqueles que atacam os direitos, como MEC que cortou verbas da educação. Os docentes destacam que “o desgoverno Bolsonaro busca por todos os meios destruir qualquer perspectiva soberana, elegendo como um dos alvos principais o desmonte a educação, é necessário que o governador Rui Costa mude urgente e drasticamente sua atitude”. Também é triste ver os diretores da Conlutas em se dizer “esquerda” (dirigem três das quatro ADs em greve) e atacar sectariamente o PT quando os petistas cobram de Rui outra postura.
Ainda é tempo do governo mudar e dialogar com servidores negociando as pautas. É a forma de enfrentar a pressão fiscal da política destruidora do governo Bolsonaro.
Não é hora de andar de lado, como o governador petista do Piauí, Wellington Dias, que disse que “vai trabalhar integrado com governo federal”, dando um conteúdo de conciliação: a “necessidade de se fazer a reforma (da Previdencia) através de um diálogo”. A hora é dos governadores do PT ouvirem a voz das ruas para derrotar essa proposta e dialogar, sim, com os servidores não com Guedes-Bolsonaro!
Os servidores devem ser aliados, não inimigos a serem atacados. Rui deveria se apoiar na sua resistência para enfrentar a crise: ampliar arrecadação, cobrar dívidas e rever benefícios fiscais às grandes empresas. É o meio de um governo encabeçado pelo PT se fortalecer na defesa dos direitos do povo. Ainda mais que se prepara uma greve geral contra a Reforma da Previdência.
Acorda Rui, quem avisa amigo é!
Paulo Riela