Enquanto Bolsonaro trafegava entre Estados Unidos e o Chile, para selar a entrega do país aos interesses imperialistas; enquanto dentro do governo e das instituições o que se vê é uma crise atrás da outra; enquanto a gangue que assaltou o Planalto na eleição forjada para impedir a vitória do PT bate boca por Twitter; enquanto até o PSL de Bolsonaro puxa seu tapete e impõe uma derrota no Congresso como no dia 26, na votação sobre o Orçamento; enquanto ministros estão num “cai não cai” e os ministérios paralisados, como o da Educação; enquanto tudo isso ocorre, uma janela se abriu.
No dia 22 de março, a classe trabalhadora, através de seus sindicatos, e agrupando setores populares e da juventude, entrou em cena de maneira organizada.
As ruas do país voltaram a ser ocupadas por manifestações em defesa dos direitos e da democracia. “Não mexam na Previdência” e “Lula Livre”, era o que se exigia nas falas, faixas e gritos dos manifestantes.
Foi o dia nacional de luta chamado pelas centrais sindicais contra a proposta de Bolsonaro de destruição da Previdência.
A grande mídia, fingiu que não viu os 70 mil na Av. Paulista, os 30 mil em Fortaleza, as paralisações parciais ou as assembleias de trabalhadores que ocorreram neste dia, e que reportamos nas páginas 6 e 7 do jornal.
A janela aberta pode abrir a porta para que a força organizada da classe trabalhadora avance e seja capaz de criar as condições para uma greve geral que enterre o confisco do direito à aposentadoria e todos os benefícios previdenciários conquistados.
Contribui, e muito, para isso, a decisão do Diretório do PT de colocar no centro do combate no próximo período, a derrota da PEC 06/2019 e a massificação da campanha por Lula Livre.
Bolsonaro foi aos EUA para entregar o país e bater continência a Trump, como bateram continência ao imperialismo as classes dominantes, com os militares, ao dar o golpe em 1964, instalando a ditadura militar no país.
O ex-capitão volta da viagem orientando as Forças Armadas a comemorarem, no dia 31 de março, os 55 anos do golpe militar, que impôs uma derrota à classe trabalhadora e a todas as camadas oprimidas.
Pequena grande diferença: apesar da derrota nas eleições de 2018, a classe operária não está derrotada, e conta com suas organizações – o PT e a CUT em primeiro lugar, nascidos da luta que derrubou a ditadura militar – para resistir. E é nestas organizações, não tenhamos dúvida, que os oprimidos que ludibriados votaram em Bolsonaro, irão se apoiar para defender seus direitos. Não há mídia, não há rede social que se sobreponha à confiança na luta quando os trabalhadores podem dispor de suas organizações.
Amadurecem as condições. Sim é possível vencer, é por isso que o dólar sobe e a Bolsa cai. O capital financeiro sentiu a lufada do dia 22, e desconfia cada vez mais da capacidade deste governo. É possível vencer, mas com muita luta e firmeza. Afinal o aparato militar e judicial que sustenta Bolsonaro não vai assistir a tudo passivamente. Mas, quando o povo da Argélia põe em cheque um regime que impera há décadas, contra seus interesses (ver pag.11), a classe trabalhadora brasileira, com a CUT e o PT ao seu lado, poder derrotar a reforma da Previdência e impedir que se consolide um o “regime autoritário e socialmente reacionário” – como diz a resolução do PT – que se pretende instalar no Brasil.