É preciso deter a barbárie capitalista

“O capitalismo traz a guerra, como a nuvem traz a tempestade”. A frase pronunciada pelo militante socialista francês, Jean Jaurès, em 25 de julho de 1914, às vésperas da 1° Guerra Mundial, não poderia ser, infelizmente, mais atual.

Mais de um século depois, o Imperialismo, a etapa superior do capitalismo, segundo a definição também atual de Lênin, dá sinais intensos de barbárie e ameaça arrastar a humanidade para uma catástrofe sem precedentes.

São 21 guerras em curso e 216 conflitos militares em todo o globo, denunciam os trabalhadores alemães que convocam, em seu país, um ato contra a guerra e a venda de armas (ver página 10). E, acrescente-se, a maioria desses conflitos faz dos trabalhadores buchas de canhão para os interesses capitalistas.

Os gastos militares globais não param de crescer. São 8 anos consecutivos de incremento nos orçamentos nacionais de defesa, que somam, em 2023, a monstruosa cifra de $2,24 trilhões de dólares (mais de 11 trilhões de reais). O lucro proveniente dessa produção insana de armas não pode se realizar se essas armas não forem vendidas e para continuar vendendo elas precisam ser utilizadas em algum lugar. Elas precisam cumprir o seu objetivo – matar pessoas, destruir moradias, escolas, hospitais…

É para esse fim que as máquinas da propaganda capitalista alimentam e encobrem tudo com diferenças e preconceitos étnicos, raciais, religiosos, nacionais.

“Estamos lutando contra animais humanos” declarou o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, ao anunciar o corte de todos os serviços básicos à Gaza como água, eletricidade, gás e comida, deixando dois milhões de pessoas em situação desesperadora.

“A guerra entre Israel e o Hamas é mais um passo em direção a uma guerra internacional mais violenta e global. Temos de reconhecer que estas duas guerras: a guerra entre Israel e o Hamas e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, não são travadas apenas entre as partes diretamente envolvidas. Estas guerras fazem parte dos conflitos entre grandes potências que visam moldar a nova ordem mundial.” declarou Ray Dialo, fundador do maior fundo de investimento do mundo.

O realismo cínico deste bilionário capitalista é revelador. Ele é comprovado pela completa incapacidade das grandes potências chegarem a qualquer tipo de acordo na reunião do Conselho de Segurança da ONU, esta instituição que não só não consegue propor um cessar-fogo, como continua insistindo na solução dos “dois Estados”, um prolongamento trágico da partilha da Palestina em 1948, quando a própria ONU chancelou a criação do Estado sionista de Israel.

A tentativa fracassada do governo Lula de propor na ONU, um simples corredor humanitário na Palestina – vetado pelos Estados Unidos – demonstra, de maneira cabal, a falência das instituições multilaterais.

E este fracasso se sucedeu ao lamentável “sucesso” da aprovação de uma nova missão encabeçada por forças policiais do Quênia ao Haiti (ver página 9).

Lula, numa série de reuniões internacionais – Brics, G20, G77, ONU – busca o objetivo impossível de reformar estas instituições.

No entanto, não virá daí a força necessária para deter a escalada de violência, guerras, destruição e mortes para a qual o sistema capitalista conduz a humanidade.

Essa força virá, antes de tudo, da capacidade de resistência dos trabalhadores e oprimidos e da solidariedade entre os povos. Do acirramento da luta de classes, como demonstra a continuidade da greve nas montadoras dos Estados Unidos (veja na página 10). Dos protestos que se espalham pelo mundo em solidariedade à Palestina. Do crescimento, entre palestinos e judeus, da compreensão da necessidade de formação de um único Estado, em toda a palestina, soberano, laico, onde as componentes árabes e judaicas convivam em paz e os palestinos tenham direito ao retorno.

Essa força virá, enfim, da mesma extraordinária força humana daquele pai em Israel, que diante do caixão de um dos seus filhos, brutalmente baleado pelo Hamas, declarou enquanto ouvia o barulho das bombas a poucos quilômetros de distância: “o que está acontecendo em Gaza é um horror. Peço solenemente aos nossos pilotos que joguem no mar as bombas que lhes são solicitadas jogar sobre a população de Gaza, ao invés de as jogarem sobre o povo”.

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