Em 1 de julho haverá eleições presidenciais e parlamentares no México. A campanha ocorre numa situação marcada pela ofensiva de Trump contra as nações e povos da América Latina, pressionado pela crise que sacode o sistema político dos EUA – um exemplo é a recente demissão do Secretário de Estado, Rex Tillerson.
O ponto alto dessa ofensiva é o cerco econômico montado contra a Venezuela e as ameaças de intervenção militar, que teria graves implicações para todos os países da região (ver pag. 12).
No caso do México, Trump já começou a construção de um muro na fronteira e, para diminuir o déficit comercial dos EUA, exige alterações no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, da sigla em inglês), mantido com o México e Canada. Atualmente, pelo menos 62,5% das partes dos automóveis devem ser fabricadas num dos três países para não haver a incidência de impostos de importação. Trump quer elevar esse percentual para 85% e que a metade desse conteúdo tenha origem nos EUA.
Ao lado dessa medida haveria outras alterações no Nafta que, se aceitas, ampliariam o saque que as companhias estadunidenses já realizam no México.
Foi para impor essas alterações no Nafta que Trump anunciou que poderia isentar México e Canadá das novas alíquotas de imposto de importação para o aço (25%) e alumínio (10%). Uma chantagem em meio à desordem comercial provocada por Trump cuja amplitude de medidas de protecionismo, vindas do imperialismo mais poderoso do planeta, expressa o impasse em que se encontra o sistema capitalista em seu conjunto, sufocado dentro das fronteiras nacionais.
“Obrador pela revogação das contrarreformas”
O atual presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, está no cargo graças à fraude eleitoral de 2012, patrocinada pelos EUA dos tempos de Obama. Se o seu Partido Revolucionário Institucional (PRI) se mantiver no poder, continuará protegendo os interesses da oligarquia compradora do México e levará o país a uma situação de profunda decomposição, violência e miséria para as maiorias, acentuando sua condição semicolonial, de joelhos para os EUA.
Não existindo no México um partido dos trabalhadores, independente dos patrões e de sua subordinação ao imperialismo, o candidato Lopez Obrador, do partido Morena (Movimento Regeneração Nacional) é quem expressa a resistência contra a política pro-imperialista dos partidos do regime. Além do PRI, o PAN (Partido Ação Nacional) – ficou no poder entre 2000 e 2012 com Vicente Fox e Felipe Calderón – e o PRD (Partido da Revolução Democrática), assinaram o chamado Pacto pelo México, em 2012, abrindo caminho para contrarreformas na Constituição que retiraram direitos dos trabalhadores, permitiram aumentos de tarifas de serviços públicos e abriram para a entrega de recursos naturais – em particular o petróleo – às multinacionais.
Entre os professores das escolas públicas, a resistência aos “partidos do pacto” e o chamado a votar Obrador foi tema de resoluções em congressos regionais preparatórios ao Congresso nacional da CNTE (Coordenadora Nacional dos Trabalhadores em Educação). Entre as medidas decorrentes do “pacto” estava uma suposta “avaliação” que, na verdade, permitiria a quebra da estabilidade e a demissão de professores. Em 2016, uma forte greve nacional de 120 dias barrou sua implantação, mas ela ainda não foi definitivamente abandonada pelo PRI-PAN-PRD.
Lopez Obrador, em comício na cidade de Zacatecas, comprometeu-se a buscar “um acordo para um plano educacional que melhore a qualidade do ensino sem afetar os direitos trabalhistas do magistério”.
Para a OST-Organização Socialista dos Trabalhadores, seção mexicana da 4a. Internacional, é hora de formar comitês de ação política pelo voto Obrador, pela revogação de todas as contrarreformas, por um governo que solucione as demandas da nação e da classe trabalhadora, apontando, portanto, para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Correspondente