França: marchas exigem justiça!

Em 23 de setembro, manifestações contra Macron em todo país

Cerca de 80 mil manifestantes participaram das marchas de sábado, 23 de setembro, em vários pontos da França, convocadas por centenas de organizações de bairros populares, associações de famílias de vítimas da repressão, sindicatos e partidos políticos contra a violência do Estado, o racismo, pelas liberdades públicas e a justiça social.

Essa mobilização foi iniciada em resposta ao assassinato do jovem Nahel pela polícia de Macron no final de junho, a partir da deriva repressiva, violenta e perigosa do poder e da necessidade de reagrupar-se para enfrentá-la e obter justiça.

Mas, o mínimo que se pode dizer, é que as marchas não caíram do céu. Durante várias semanas tudo foi feito para impedir que elas ocorressem. É preciso lembrar que o Partido Socialista e o Partido Comunista não as convocaram. O que provocou, por outro lado, fraturas internas, com várias federações do PC tendo decidido participar, em oposição à posição nacional, como no departamento do Aisne.

Em Paris, a marcha reuniu mais de 15 mil participantes. A coluna mais importante era a da França Insubmissa (LFI), organizada ao redor de um carro de som onde se deram várias intervenções. O que se deveu ao trabalho dos grupos de ação da LFI que, em toda a parte, buscaram organizar a marcha.

Contra a política reacionária de Macron
Então, porque houve tantos ataques políticos contra essa marcha? No seu centro estavam as famílias das vítimas, como Nahel é claro, mas também Zyed, Bouna, Adama, Zineb e tantos outros, todos mortos pelas forças da ordem a serviço do poder nesses últimos anos. O que vieram reivindicar as suas famílias? Justiça!

“A mãe de Nahel tem um único combate”, reporta o site Mediapart. “Que seja feita a justiça para seu filho e para as vítimas da violência policial. Ela não acusa o conjunto da polícia, mas os policiais que mataram Nahel e os que são culpados por violências”. A despeito daqueles que caricaturaram a marcha como manifestação anti-polícia, “ela apela à união para fazer essa luta”.

A união contra os responsáveis por essas mortes: Macron e seu governo, Darmanin (ministro do Interior, NdT) à cabeça.

Todas as manobras feitas contra a marcha de 23 de setembro tinham na verdade um só objetivo: proteger o poder, proteger Macron.

De nossa parte, estivemos lado a lado com os milhares que em 23 de setembro reafirmaram a sua revolta contra a política reacionária de Macron.

Estivemos ao lado dos milhares que não suportam mais o cotidiano da repressão, os ataques às liberdades, notadamente das organizações sindicais.

Estivemos ao lado de todos que exigem que toda a justiça seja feita: “Sem Justiça, não há paz”.

Rosalie Albani
Informations Ouvrières nº 776

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