Há um mês, os docentes das universidades estaduais baianas estão em greve por reajuste salarial e outras pautas. O governo tinha se comprometido na negociação a enviar um projeto de lei destravando parcialmente promoções e progressões, retomar os pagamentos de transporte na UNEB e instalar uma mesa sobre outros temas. Mas continua intransigente sobre o salário, mesmo uma recomposição escalonada.
O problema é que o governador Rui Costa (PT) resolveu cortar os dias de greve, interrompendo unilateralmente as negociações. Jogou gasolina no incêndio.
A Associação docente da UNEB denunciou que “a postura autoritária aumentou a indignação em virtude da construção histórica do PT na perspectiva de defesa dos direitos dos trabalhadores, o próprio governador tem sua trajetória na vida sindical. Essa postura não expressa a expectativas que lhe deram expressiva vitória nas últimas eleições”.
Tem razão, pois a atitude contra o direito de greve choca a sua base social.
A categoria mobilizada reafirmou a greve, recebeu apoio das centrais sindicais CUT e CTB, e entidades do funcionalismo que também reivindicam negociação salarial, há 4 anos sem reajuste.
A atitude de Rui vai na contramão do que o PT pode esperar do seu governador. Surpreendeu a bancada de deputados, que intermediava negociações, e a própria executiva que defende o diálogo. Submetido a pressão fiscal, Rui deveria criar um quadro de negociação com os servidores, no qual possa se apoiar para enfrentar as restrições da política recessiva do governo Bolsonaro que deprime a arrecadação do Estado e rever os favores fiscais às empresas. Nunca esmagar os servidores estaduais, uma base potencial para resistir. Ainda mais no momento da construção do grande movimento contra a reforma da Previdência de Bolsonaro
Paulo Riela