Governo Lula deveria receber Metroviários de BH

Até agora, presidente não recebeu os trabalhadores que lutaram contra privatização

Os metroviários combateram contra a privatização e pela defesa dos 1600 trabalhadores com manifestações desde o ano passado. Durante os últimos quatro meses, patrocinaram várias greves com 100% de paralisação, desafiando a CBTU e a Justiça do Trabalho. 

Nas eleições presidenciais assumiram a defesa da campanha Lula, explicando que era com o PT que podiam derrotar Bolsonaro e conquistar suas reivindicações. No 2º turno, em uma das manifestações, com o então candidato a presidente, gravaram um vídeo com Lula carregando a bandeira do Sindicato, dizendo que não haveria mais privatizações. 

Foram inúmeras tentativas de acesso à equipe de Transição, reivindicando a suspensão do leilão de 22 de dezembro. Após a posse e depois de muita insistência conseguiram reuniões com vários membros do governo, entre eles Alckimin, o vice-presidente. As várias cartas e manifestações solicitando reunião com o presidente eleito não foram suficientes para que Lula os atendesse e alguns ministros, como Luiz Marinho, ainda tiveram a cara-de-pau de dizer que os metroviários chegaram tarde com suas reivindicações! 

Quando foi adiada a assinatura do contrato de concessão, os metroviários – por um curto período – tiveram a esperança de terem barrado a privatização. Não foi o caso. A concessão foi finalmente assinada. Uma nova greve foi realizada para que o governo negociasse as condições de preservar seus empregos, sem sucesso.

A Comporte, empresa vencedora do leilão, nem bem assumiu e já tentou acabar com as liberações sindicais, ferindo o Contrato de Trabalho vigente e durante a greve fizeram um movimento de pressão contra os metroviários, abrindo vagas para novos empregados.

Mais uma vez, os metroviários insistiram em serem recebidos por Lula. Num protesto durante uma audiência pública com a presença do governo no dia 4 de abril, em Brasília, no Congresso Nacional, os trabalhadores metroviários roubaram a cena aos gritos de “Lula, receba os metroviários”.

Na ocasião um diretor do sindicato desabafou: “A gente precisa do apoio do governo federal. Nós ajudamos o governo a ser eleito e ele não pode virar as costas para nós!”.

Ainda que com certa exaustão, a diretoria sindical e os trabalhadores estão realizando assembleias e lutando para barrar ações dos seus novos patrões. Apesar das derrotas acumuladas até aqui, a direção sindical saiu fortalecida deste processo. Há um sentimento generalizado de que não fizeram nada de errado. Em várias assembleias, os metroviários demonstraram ter consciência de que a eleição de Lula lhes dava mais possibilidades para conquistar suas reivindicações, mas que nada estava garantido devido a composição do governo com setores que apoiaram o impeachment da Dilma, a Lava Jato e a prisão de Lula. Muitos se sentiram traídos e a declaração da presidente do Sindicato, Alda, expressando esse sentimento foi largamente utilizada de forma oportunista por setores petistas para tentar abalar a simpatia que os metroviários deixaram de lição para as próximas lutas de outras categorias. A realidade dos fatos, no entanto, deve se impor. Os metroviários deram exemplo de luta. Está errando o governo, em quem os trabalhadores depositaram suas expectativas.

Ainda é tempo de receber os trabalhadores e ouvir as suas demandas.

Sumara Ribeiro

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