O anúncio da privatização da Eletrobrás provocou euforia no mercado financeiro. “O mercado adora a palavra privatização” disse um analista.
A constituição da Eletrobrás teve início em 1961. No governo de João Goulart, a empresa começou a realizar pesquisas e projetos de usinas geradoras e linhas de transmissão e subestações.
Formam o sistema as empresas de distribuição nos estados do AM, AC, AL, PI, RD, RR, 10 empresas de geração e transmissão, entre elas Furnas e Chesf, detém 50% da Itaipu Binacional e 21 participações societárias. Produzindo cerca de 40% da energia gerada no país, é a maior companhia do setor de energia elétrica da América Latina.
Com um patrimônio líquido real de R$ 300 a R$ 350 bilhões, a empresa seria entregue ao setor privado por 15 bilhões de reais.
Luiz Pinguelli Rosa desmente que a Eletrobrás não é eficiente. Ele foi presidente da empresa no primeiro governo Lula quando a empresa foi excluída do PND (Programa Nacional de Desestatização), o que permitiu duplicar a usina de Tucuruí e da Eletronorte, no Pará, fez a obra da termelétrica de Camaçari da Chesf (BA), levou adiante a ampliação de Itaipu e teve início a construção de 1.260 quilômetros de linhas, investindo R$ 1,1 bilhão.
Aumento nas tarifas
Em paralelo ao processo de privatização, o governo golpista busca alterar o marco regulatório do setor elétrico, para, inclusive, permitir que 91 usinas (14 são da Eletrobrás, as maiores) que hoje são forçadas a praticar um preço muito abaixo do mercado possam trocar seus contratos por um regime mais vantajoso.
Em nota, a presidenta Dilma disse que “quando a hidrelétrica está pronta, o único custo da empresa de energia passa a ser a operação e a manutenção. É mais do que justificado, portanto, que as tarifas que custearam a construção sejam reduzidas. ”
Fernando Torres, do jornal Valor Econômico aponta que a Eletrobrás deixará de vender energia gerada em algumas usinas por que os valores cobrados das tarifas não cobrem os custos. Além disso, “o investidor só colocará dinheiro nesse negócio se for para receber o dinheiro de volta mais a remuneração do capital. E esse retorno só pode ocorrer via a tarifa cobrada dos consumidores”, concluiu.
Eletricitários resistem
Segundo Emanuel Mendes, sindicalista na Eletrobrás, para evitar a privatização que prevê demissão em massa dos seus 18 mil funcionários, os eletricitários discutem greve para o início de setembro. Os trabalhadores de Furnas, em Brasília, já aprovaram o estado de greve.
Em nota, a CUT e a Confederação Nacional dos Urbanitários denunciaram que a venda da Eletrobrás significa abrir mão da soberania energética e condenar milhares de brasileiros a privação do acesso à energia.
Nilton de Martins