Greve contra carestia e contrarreformas na França

Diante do aumento dos preços do gás, da eletricidade, dos alimentos, numa situação de arrocho salarial, desmonte do serviço público e de contrarreformas contra a aposentadoria e o seguro-desemprego, os trabalhadores da França realizaram um dia de greve, em 5 de outubro.

Convocado pelas federações e centrais sindicais, o movimento recebeu apoio também de organizações de jovens que são duramente afetados pelo desemprego, trabalhos precários e degradação do ensino público.

Manifestações em mais de 200 cidades
Em Paris, uma passeata com mais de 20 mil trabalhadores bancários, previdenciários, servidores, ferroviários, artistas, metalúrgicos, professores… além dos estudantes e setores em greve por reivindicações específicas.

A grande diversidade de categorias, assim como a participação dos “coletes amarelos” reflete a revolta generalizada contra o governo Macron que, como os demais, se utiliza da pandemia para desfechar incessantes ataques aos trabalhadores.

Em comunicado conjunto, a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) a FO (Força Operária) e as demais centrais e federações sindicais declaram sua oposição “a que a situação sanitária seja utilizada pelo governo e pelo patronato para aprofundar o questionamento dos direitos e conquistas dos trabalhadores e jovens. A indispensável ampliação e aceleração da vacinação requer o fortalecimento do acesso à saúde, aos serviços dos hospitais públicos e à medicina do trabalho. Requer convencer e confortar e não punir os trabalhadores.”

Mas o governo faz o contrário. Em 2020, em plena pandemia, foram fechados 5.700 leitos hospitalares.

Perda de poder aquisitivo
Na manifestação de Paris, uma enfermeira desabafou: “nossos salários estão defasados. Estivemos na linha de frente desde o início da pandemia e continuamos, em condições de trabalho que só pioram. Cerca de 97% do pessoal está vacinado. Aqueles que recusam não são anti-vacina. Eles o fazem porque é a forma de expressarem seu repúdio à instituição que os despreza há anos. É o meio de mostrarem sua raiva.”

E, de fato, a menos de um reajuste de 1,2% em 2016, os salários dos servidores públicos estão congelados há 11 anos e no setor privado, em 2021 não devem ultrapassar 1,4%.

Todas as camadas sociais, principalmente os setores mais precarizados, foram golpeados pela política do governo. O que farão na próxima eleição presidencial (abril de 2022) todos os que, maciçamente, expressaram sua recusa a essa regressão social imposta pelo governo? Hoje ninguém pode dar uma resposta definitiva, mas nas próximas semanas teremos algumas indicações.

Correspondente

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