Educadores de São Paulo e Santa Catarina já somam mais de um mês de paralisação.
Escrito por: Isaías Dalle
Os professores do ensino público do Paraná estão em greve novamente. Nesta terça-feira (28), concentraram-se aos milhares no Centro Cívico, praça onde estão as sedes dos três poderes do estado.
A greve teve reinício no final da segunda-feira. Motivo: o governador Beto Richa (PSDB) descumpriu um dos pontos do acordo que havia encerrado, em 9 de março, paralisação que já durava 29 dias.
Richa, em lugar de abrir um processo de negociação com os servidores paranaenses para definir mudanças no sistema previdenciário público, desprezou o acordo e enviou à Assembleia Legislativa proposta que já havia sido rechaçada pelos professores e fora uma das razões da primeira greve, em fevereiro.
Assim, os professores do Paraná somam-se aos educadores públicos estaduais de São Paulo, em greve desde 13 de março, e aos seus colegas de Santa Catarina, paralisados há 37 dias.
Dia 30, mobilização nacional
A CNTE-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) promete mobilizações em diferentes estados brasileiros no próximo dia 30 de abril, como forma de denunciar o descumprimento do Plano Nacional de Educação por parte de vários estados e municípios e de unificar as lutas da categoria, que enfrenta problemas semelhantes em todos os pontos do País.(clique aqui e veja o vídeo)
No Paraná, o envio em toque de caixa do projeto de mudança no sistema de aposentadorias para a Assembleia Legislativa levou delegações de professores a montar um acampamento no Centro Cívico, na noite de segunda. A polícia militar agiu duramente, agredindo os manifestantes, sob o pretexto de retirar o caminhão de som do sindicato do local.
De nada adiantou. A terça-feira curitibana acordou com aproximadamente 20 mil professores e trabalhadores da educação no local e a volta do caminhão de som.
Ocupação das assembleias legislativas
O secretário de Assuntos Jurídicos do APP Sindicato, Mário Sérgio Ferreira de Souza, conta que foi necessário entrar com um habeas corpus nesta terça-feira para derrubar decisão da Justiça que impedia a entrada de dirigentes sindicais na Assembleia Legislativa, para acompanhar a votação do projeto, que corre em regime de urgência.
“Conseguimos a liminar e hoje 380 representantes de todo o Paraná vão acompanhar os debates das galerias, fazendo pressão”, conta Mário Sérgio, que à tarde já estava em Brasília para dialogar com parlamentares federais paranaenses e com o Ministério da Previdência, para solicitar intermediação no conflito.
O projeto de mudança na previdência pretendido pelo governador tucano quer transferir o fundo de parte dos servidores para o Tesouro. O problema, segundo o secretário de Assuntos Jurídicos do sindicato, é que dessa forma o dinheiro será alocado junto à mesma fonte de onde saem gratificações especiais para os servidores de Judiciário e do Legislativo, maiores que as dos demais.
Sem possibilidade de acompanhamento e sem transparência, esses recursos podem ser desviados de suas funções originais e prejudicar o futuro da previdência dos servidores.
Durante o dia, o presidente do APP Sindicato, Hermes Leão, era procurado por um oficial de justiça que queria entregar-lhe uma intimação que informava a necessidade de volta imediata ao trabalho e multa de R$ 40 mil diários em caso de desobediência.
Luta pelo Piso Nacional
Em Santa Catarina, a luta é para que o governador Raimundo Colombo (PSD) cumpra determinação do Piso Nacional do Magistério e conceda 13,1% de reajuste nos pisos, que já deveriam vigorar desde janeiro. Outra reivindicação é a derrubada de decreto estadual que retira dos professores qualquer chance de promoção se eles tiverem mais de três faltas no ano, mesmo que justificadas com atestado médico.
Outro ponto importante da pauta é a elaboração do plano de cargos e salários, de forma a descomprimir os salários das faixas superiores às do piso da categoria.
“É uma postura autoritária. O secretário de Educação, em recente pronunciamento, chegou a nos chamar de esquizofrênicos”, conta Anna Júlia Rodrigues, secretária-geral da CUT-SC e de Organização para a Grande Florianópolis do SINTE-SC (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina). Ela informa que, caso o governador aceite retirar o decreto das três faltas anuais, dar o reajuste no piso e anistiar as faltas da greve de 2011 – ponto este com que Colombo havia concordado à época – a greve pode ser suspensa, desde que o governo coloque no papel o compromisso de negociar o plano de cargos e salários.
Os professores pretendem ocupar a Assembleia Legislativa na noite desta terça.
Já em São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin continua a dizer para a imprensa que não há greve de professores, a despeito das grandes mobilizações de rua e assembleias, registradas inclusive pela imprensa, e da majoritária adesão ao movimento na maioria das escolas do estado. Os paulistas pedem 75% de aumento no salário-base e reabertura de mais de 3 mil salas de aula, entre outras reivindicações.
Fonte: Site CUT