Greves pelo Piso Nacional da Educação

Desde fevereiro professores estão em luta no Brasil pela aplicação do reajuste de 33,24% do Piso Nacional.

A disposição de resistência da categoria gerou imagens chocantes, como as agressões realizadas pela Guarda Municipal de Feira de Santana (BA) contra professoras em greve desde 31 de março. O prefeito Colbert Martins (MDB) liberou a Guarda para bater nos grevistas que ocuparam a prefeitura, visando abrir negociações.

Cenas de violência também marcaram a luta em Belo Horizonte, onde o então prefeito Kalil (PSD) mandou a guarda reprimir os trabalhadores da educação, que mesmo após 24 dias de greve, não conquistaram o reajuste do piso, apenas 11%.

Unidade garantiu conquistas
No estado de Minas os educadores realizaram mais de um mês de greve enquanto os trabalhadores da segurança pública realizavam sucessivas manifestações pelo seu próprio reajuste. Com a recusa de Zema (Novo) em negociar, as categorias arrancaram na Assembleia Legislativa a aprovação dos seus respectivos reajustes num movimento de pressão unificada. O governador decidiu judicializar a lei promulgada pela ALMG.

Unidade foi também a marca da luta em Florianópolis quando, em fevereiro, professores fizeram nove dias de greve ao lado do funcionalismo e arrancaram do prefeito Gean (DEM) o reajuste do Piso para o nível inicial da carreira.

Categoria enfrenta governos de “todas as cores”
A luta dos professores não enfrenta apenas os governos dos partidos de direita, mas governos de todas as cores, inclusive do PT.

A greve dos professores de Recife, apesar da tentativa de governador João Campos (PSB) de torná-la ilegal, conquistou 23% de reajuste e 12% na forma de um abono, que agora o sindicato luta para incorporar.

No Rio Grande do Norte, uma greve de 20 dias, arrancou da governadora Fátima Bezerra (PT), a aplicação do Piso para toda a categoria, mesmo se parcelado.

Desde 23/02 os professores do Piauí estão em greve, enfrentando situação mais drástica. O governo do PT não responde às reivindicações e judicializa o movimento.

Há ainda outras greves como em Natal, São Luís e outras cidades reivindicando o mesmo índice. Apesar de toda disposição de luta, não há um calendário nacional de mobilizações. A CNTE convocou um tímido dia de luta em 16 de março, que não foi além disso, sob o argumento das especificidades locais.

O fato é que os que reivindicam os 33,24% enfrentam prefeitos e governadores que alegam a Lei de Responsabilidade Fiscal, cuja revogação é uma necessidade e deveria ser, como o índice do piso, objeto de campanha na qual uma mobilização nacional poderia se constituir.

Nelson Galvão

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