Intervenção militar na Venezuela?

Nem bem começou o ano de 2018 e uma série de artigos de opinião foi publicada em jornais de todo o mundo advogando uma in­tervenção militar de países vizinhos na Venezuela.

A ideia não é nova, mas é relançada diante do fracasso da oposição inter­na do país em todas as suas tentativas de derrubar o presidente Nicolás Ma­duro, cujo governo, especialmente a partir da convocação e instalação da Assembleia Constituinte, retomou a iniciativa política.

A tese que ganhou destaque foi a de Ricardo Hausmann, ex-ministro do Planejamento da Venezuela (1992-93) e economista de Harvard (EUA), num artigo reproduzido em vários países (a Folha de São Paulo o publicou em 4 de janeiro).

Hausmann defende uma “interven­ção feita por uma coalizão regional de forças”, a qual seria solicitada pela Assembleia nacional, controla­da pela oposição. Ele sugere “forças regionais”, pensando nos regimes pró-imperialistas do Brasil, Colôm­bia, Argentina e Peru, pois isso dis­pensaria autorização do Conselho de Segurança da ONU (onde Rússia e China poderiam vetar tal aventura).

Não faltaram declarações de go­vernos sul-americanos, inclusive do chanceler golpista Aloysio Nunes do Brasil, descartando tal hipótese. Mas “onde há fumaça há fogo”.

Recordemos que tais governos reacionários da região caracterizam o governo Maduro como uma “di­tadura” que atropela direitos huma­nos. O próprio Donald Trump, em agosto de 2017, já havia falado em intervenção militar como opção para a Venezuela.

Tirem as patas da Venezuela

Cabe ao povo venezuelano e so­mente a ele a decisão sobre seu pró­prio destino, por isso é inaceitável qualquer tipo de intervenção militar estrangeira no país vizinho, seja dos Estados Unidos, seja dos governos submetidos a ele na América do Sul.

Um outro tipo de pressão que se intensifica, é a do bloqueio eco­nômico encoberto praticado pelos Estados Unidos contra a Venezuela e sua principal empresa estatal que é a petroleira PDVESA (ver OT 819).

A responsabilidade das organiza­ções dos trabalhadores e dos povos oprimidos de todo o mundo é a de defender a soberania da Venezuela contra qualquer agressão imperialis­ta ou de seus lacaios.

Lauro Fagundes

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