Itália: os resultados franceses nos mostram o caminho”

“Os resultados franceses nos mostram o caminho”, disse Luigi de Magistris, ex-prefeito de Nápoles, no dia seguinte ao primeiro turno das eleições presidenciais. “Também em nosso país, vimos que há um eleitorado potencial que quer uma esquerda nova, antiliberal e pacifista”. Ele acrescentou: “O resultado de Mélenchon é extraordinário e espero poder construir com ele uma frente europeia de esquerda inovadora e radical. Nos encontramos em Nápoles em 2018 (…). Concordamos muito rapidamente”.
Em uma entrevista coletiva realizada em 28 de abril na câmara dos deputados em Roma, ele anunciou o lançamento de um movimento com o grupo Manifesta¹ de deputados, Refundação Comunista e Potere al Popolo.

Reunir quem está pela ruptura
Ele explicou: “Estamos construindo uma coalizão popular que, a partir das necessidades da população, possa reunir aqueles que, para além das diferenças, num momento tão dramático, concordam em tomar o caminho da ruptura com o sistema e realizar uma alternativa política, econômica, social e cultural”.

O desafio de De Magistris é criar algo mais do que uma reunião simbólica: “Queremos construir uma proposta de ruptura, mas também de governo. Queremos nos unir àqueles que não se reconhecem nas políticas liberais, como uma alternativa à política de Draghi e contra a economia de guerra”.

Uma aliança com o Partido Democrático (PD)²? “Impossível, responde ele. Já era difícil antes, mas a guerra marcou uma divergência ainda mais clara. Vamos construir uma alternativa ao draghismo, ao liberalismo e à economia de guerra… pode haver uma política de ruptura com o liberalismo, as privatizações, a degradação moral e a devastação ambiental”.

Aquele que foi prefeito de Nápoles de 2011 a 2021 pretende construir “uma esquerda autônoma que não busque um meio assento em troca de um acordo com o PD”. Uma esquerda de luta, mas que também é capaz de governar, que pode ser confiável. O PD e o M5S (Movimento Cinco Estrelas) hoje são forças que votaram para aumentar os gastos militares e enviar armas para a Ucrânia. Não têm nada de esquerda.

Suas prioridades: “Vamos nos concentrar no salário mínimo, vamos reverter o equilíbrio de poder entre as pessoas e o capital, reduzir o tempo de trabalho, fazer o reequilíbrio fiscal em favor dos mais fracos. Repensar as políticas energética e ambiental, reduzir os gastos militares em favor da saúde e da educação, a luta contra a máfia, uma política externa que não seja submissa aos interesses americanos” (…).

“Queremos dar a palavra à maioria dos italianos que não estão alinhados com a mentalidade única dos que promovem a guerra. Estou preocupado com a subordinação da Europa aos EUA”, disse ele, “e não aceito que ninguém que critique as escolhas feitas pela Otan seja rotulado como pró-Putin. Os amigos de Putin, de Berlusconi a Saviani, estão no governo com Draghi. Nós já condenamos a escolha de Putin em termos inequívocos, é um crime. E os países ocidentais não fizeram nada, inclusive Zelensky, para evitar este resultado. Já estamos em guerra e ninguém nos diz”.

1 Novo grupo parlamentar, “social, pacífico e ecológico”, ligado à Refundação Comunista e ao Potere al Popolo.
2 Partido criado em 2007, que reúne correntes do Partido Comunista e da Democracia Cristã.

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