Em 5 de junho, os trabalhadores da Funai foram surpreendidos com a notícia do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, no Vale do Javari. Dias depois, tiveram que chorar a sua morte.
Desde então, uma intensa agenda de mobilização exige investigação para identificar a cadeia de crime organizado que atua na região, fronteiriça ao Peru e Colômbia, onde habita a maior concentração de Povos Indígenas isolados no mundo.
O movimento quer abrir negociações diretamente com o Ministério da Justiça para discutir, entre outros pontos, medidas concretas de fortalecimento institucional da Funai, sobretudo para garantir a segurança dos trabalhadores da instituição e das lideranças indígenas no Vale do Javari.
Em 23 de junho, dia nacional de greve, os servidores, apoiados por organizações indígenas, entidades sindicais, movimentos sociais e instituições parceiras, promoveram atos em 40 cidades do país. A data ficou marcada com o grito por justiça para Bruno, Dom e Maxciel (servidor assassinado no Javari, em 2019), e para todas as lideranças indígenas, ambientalistas e defensores de direitos humanos que tombaram em defesa da Amazônia.
A mobilização encontrou eco em decisões judiciais e articulações parlamentares que contemplam as pautas do movimento grevista. Até o momento, contudo, o Governo não adotou nenhuma medida para garantir a segurança de moradores e indigenistas do Vale do Javari, que continuam recebendo ameaças de desmatadores, garimpeiros, traficantes e outros invasores.
A relatora da Comissão Externa da Câmara que, acompanhada de representantes sindicais, visitou o Vale do Javari, deputada Vivi Reis (Psol/PA), protocolou requerimento ao Ministério da Justiça e Segurança Pública pedindo o imediato afastamento do presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Conforme ela afirma, “passado um mês da tragédia, a Funai não abriu um único inquérito administrativo para acompanhar a questão, e não tomou qualquer medida efetiva para garantir a proteção de seus servidores”.
Mariana Machado