A decretação da prisão de Lula em 5 de abril provocou reações imediatas de organizações de trabalhadores em várias partes do mundo. De Madri à Buenos Aires, de Paris à Cidade do México, partidos de esquerda e sindicatos chamaram atos diante de embaixadas brasileiras ou em praças públicas.
Tal reação imediata se deve ao fato de que várias organizações em diversos países já vinham tomando posição contra a perseguição judicial à qual Lula vinha sendo submetido e já estavam em estado de alerta para uma prisão.
É o caso dos membros do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT), que desde sua 9ª Conferência Mundial Aberta realizada em Argel (norte da África) em dezembro de 2017 com mais de 200 representantes de 42 países, haviam acolhido a proposta da delegação brasileira de apoiar a campanha internacional em defesa do direito de Lula ser candidato no Brasil. (ver OT 820)
Reunida em 23 e 24 de fevereiro em Paris, a coordenação do AcIT recebeu uma carta do dirigente da CUT Julio Turra que pedia o reforço da campanha diante da condenação de Lula em segunda instância ocorrida em 24 de janeiro.
Várias entidades e dirigentes aderentes ao AcIT também aderiram ao Comitê de Solidariedade Internacional “em defesa da democracia no Brasil e de Lula”, que foi lançado em Salvador em 15 de março por iniciativa da CUT.
Abaixo registramos algumas das inúmeras manifestações de apoio a Lula e repúdio à sua prisão política ocorridas nos últimos dias, estando prevista para 23 de abril uma nova jornada internacional de delegações às embaixadas brasileiras em várias partes do mundo.
ATO NA PRAÇA DA REPÚBLICA EM PARIS
Em 8 de abril, por iniciativa do núcleo petista na capital francesa, mais de cem manifestantes reuniram-se na Praça da República – local tradicional de manifestações políticas e sindicais – para protestar contra a prisão de Lula.
O orador principal foi Luís Dulci (ex-ministro da Secretaria geral da presidência da República no governo Lula) e o ato contou com a participação de representantes de partidos e centrais sindicais francesas.
O representante do Partido Operário Independente (POI), que ao lado do PT da Argélia sedia as reuniões da coordenação do AcIT, Sammy, em sua intervenção leu a declaração do Diálogo e Ação Petista de 6 de abril, chamando à intensificação da mobilização por Lula Livre e afirmando que “Eleição sem Lula é fraude”.
A CGT (central sindical) adotou uma Nota oficial pela liberdade de Lula e o líder do partido “França Insubmissa”, Jean-Luc Melenchon, denunciou nas redes sociais que o ex-presidente foi vítima de um “golpe judicial”.
EMBAIXADA CERCADA EM BUENOS AIRES
Já em 6 de abril a embaixada brasileira na capital da Argentina foi cercada por centenas de manifestantes.
Com forte presença sindical, em particular dos vários setores representados pela Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), como a ATE (trabalhadores do Estado) e Suteba (professores de Buenos Aires), além do sindicato dos caminhoneiros dirigido por Hugo Moyano e da Corrente Federal dos Trabalhadores.
Na linha de frente da coluna – encabeçada pela faixa “Com presos políticos não há democracia” – que se dirigiu à embaixada do Brasil estavam companheiros como Pablo Micheli, secretário geral da CTA Autônoma e apoiador da convocatória da Conferência Mundial Aberta de Argel, e Hugo Yaski, secretário geral da CTA dos Trabalhadores.
Com faixas e cartazes “contra o golpe no Brasil”, “Lula Livre” – até um “pirulito” do DAP brasileiro apareceu nas fotos enviadas pelos companheiros argentinos – o ato juntou também movimentos populares e da juventude.
EM MADRI SINDICATOS E PARTIDOS EXIGEM LIBERDADE PARA LULA
Dois importantes atos em 10 de abril da campanha em defesa de Lula ocorreram em Madri, depois de um ato realizado em Barcelona no dia 7.
Pela manhã, Dilma Roussef deu uma conferência na Casa da América com o auditório lotado, sobre o tema “Brasil, uma democracia ameaçada”. À tarde, debaixo de chuva e frio, centenas de pessoas concentraram-se diante da embaixada do Brasil para denunciar “a condenação e prisão arbitrária do ex-presidente Lula por um tribunal e juízes que não respeitam a constituição brasileira e a democracia”.
Com forte presença sindical, o ato contou com a participação do secretário geral das Comisiones Obreras (CCOO) Unaí Sordo, do secretário internacional da UGT Jesús Gallego e dezenas de dirigentes sindicais. Os gritos de “Fora Temer, Lula liberdade e Lula presidente” acompanharam a entrega de documentos de rechaço à prisão de Lula. Presentes também representantes de partidos como o Podemos, o Partido Comunista da Espanha (PCE) e o Partido Operário Socialista Internacionalista (POSI, seção da 4ª Internacional).
OUTRAS MANIFESTAÇÕES
Na Cidade do México e Amsterdã (Holanda) houve manifestações em 8 de abril. Em Lisboa e Roma no dia 9, e no 11 de abril ocorreram atos e manifestações em Montevidéu, Londres, Bruxelas, Estocolmo e Oslo.
Várias mensagens chegaram à CUT e ao Comitê Internacional de Solidariedade a Lula, como a de Jean Bonald Fatal, secretário geral da Confederação dos Trabalhadores dos Setores Público e Privado do Haiti (CTSP) e da Central Bolivariana e Socialista dos Trabalhadores (CBST) da Venezuela, cujo dirigente no estado Falcón, Francisco Garcia, que é também deputado constituinte, declarou: “ a direita brasileira não perdoa Lula pela sua origem humilde, por ser um operário metalúrgico e nem o fato de ele ter fundado o Partido dos Trabalhadores”.
Vídeos gravados com dirigentes sindicais de todos os continentes em apoio a Lula estão sendo divulgados, bem como uma mensagem de Sharaw Burrows, secretária geral da Confederação Sindical Internacional (CSI) exigindo a liberdade imediata de Lula. A luta continua também no plano internacional.