MEC ignora opinião dos inscritos no ENEM

Depois da grande pressão estudantil e educacional na campanha #adiaenem, o Ministério da Educação anunciou o adiamento do exame e para definir a nova data, decidiu consultar, com a realização de uma enquete, os 5,7 milhões de inscritos. Disseram que a intenção era estabelecer uma “democracia direta, sem a UNE”. Apenas 19% dos inscritos participaram da consulta virtual. Não é novidade, dado o tamanho da desigualdade no acesso a tecnologias. Dos consultados, a maioria (49,7%) optou pela realização do Enem em maio de 2021. E o MEC decidiu pela data de janeiro, opção de 35,3% dos que responderam.

O governo anunciou o exame para 17 e 24 de janeiro, ignorando a opinião da maioria dos consultados. Evidente que no governo autoritário de Bolsonaro a “democracia direta” era história para boi dormir. Agora disseram que a enquete não era o único parâmetro, havendo outros aspectos a levar em consideração, como os calendários letivos das universidades para que esses participantes possam disputar vagas no primeiro semestre de 2021. Mas tal argumento não se sustenta. Afinal, ainda persiste uma indefinição no calendário das universidades, a maioria com os semestres atuais suspensos em função da pandemia.

Como vamos nos preparar?
As escolas seguem fechadas e a tentativa de implementar um ensino remoto com substituição provisória por vários governos é um verdadeiro fiasco. A ampla maioria dos estudantes não consegue acompanhar as aulas virtuais.

Em São Paulo (maior estado), mais da metade dos alunos não consegue acessar as aulas e no Piauí apenas 9% está acompanhando. As razões são diversas: falta computador, internet de qualidade, renda garantida para família, espaço adequado pra estudar em casa, alimentação… E, mesmo sabendo que essa é realidade de milhões de jovens estudantes no país, o MEC permitiu que esse ensino remoto substituísse o presencial. É esse caos que o governo federal alimenta deixando incerto o futuro da juventude. Trocou mais uma vez de ministro, mas a política de destruição da educação segue a mesma. Agora é a vez do Milton Ribeiro, conhecido por defender violência física contra crianças como recurso educativo.

ENEM é com ensino presencial!
O correto seria decidir o calendário do exame a partir da definição dos calendários letivos da rede básica de ensino. Com a volta segura às salas de aula, avaliar o tempo necessário de preparação para poder realizar a prova. Essa reflexão necessária faltou na nota de UNE e UBES sobre o novo calendário apresentado pelo governo. Defenderam a instituição de uma comissão de crise para debater a data do exame mesmo avaliando que a postura do ministério não é de diálogo com os estudantes, em especial com as entidades estudantis. Num momento onde jovens tem ido às ruas defender suas reivindicações e gritar Fora Bolsonaro, cabe a UBES retomar com força a campanha #AdiaEnem defendendo “enem é com ensino presencial” e ajudando a convocar protestos e outras atividades de rua, engrossando o caldo da luta pelo fim desse governo autoritário e exigindo que milhões de jovens brasileiros tenham reais condições de realizar a principal prova de acesso ao ensino superior.

Katrin

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