Foi um verdadeiro “tsunami social” a eleição, com 54% dos votos, de Lopez Obrador para presidente do México e a arrasadora maioria parlamentar conquistada por seu Movimento de Regeneração Nacional (MORENA). É o que afirma a resolução aprovada em reunião dia 4 de agosto dos Comitês de Diálogo Entre Trabalhadores e Jovens, agrupamento que luta por uma representação política independente e no qual intervém os militantes da seção mexicana da 4ª. Internacional no México.
A eleição foi dia primeiro de julho, mas a posse só ocorre cinco meses depois, dia primeiro de dezembro. Em vez de dobrar-se ao resultado – como exige a democracia – o atual governo de Peña Nieto, a “máfia do poder”, junto com governadores dos partidos submetidos ao imperialismo e que foram esmagados nas urnas (PRI, PAN, PRD) aceleram a aprovação em tempo recorde de medidas e contrarreformas destruidoras de conquistas e direitos sociais.
Por seu lado, Obrador anunciou 13 iniciativas que enviará ao Congresso.
A primeira é reduzir pela metade seu salário como presidente e de todos os altos funcionários do estado, incluindo juízes e parlamentares. Reafirmou ainda o compromisso de revogar a privatização da água e a contrarreforma do ensino público, em particular um tipo de “avaliação de desempenho” imposta por Peña Nieto que leva à demissão de professores. Também garantiu que irá reconstruir as principais empresas estatais como a Pemex (petróleo) e a empresa de eletricidade, que sofrem processo de desmantelamento.
Na presença de trabalhadores da educação, universitários, petroleiros, servidores públicos e jovens de diversas organizações políticas e sindicais, vindos de oito estados do país (Baja California, Chiapas, Chihuahua, Ciudad de México, Sonora, Durango, Tlaxcala), a reunião dos Comitês de Diálogo manifestou apoio a essas medidas e considera que “elas só podem ser levadas à prática enfrentando-se com a máfia do poder que, amplamente derrotada nas eleições, ainda sobrevive em governos estaduais e se apoia nas instituições e leis antidemocráticas do regime, além de contar com a sustentação do governo estadunidense”.
Para colocar em prática o mandato recebido dos 30 milhões de eleitores, em defesa da plena independência nacional e pela autêntica democracia – prossegue a resolução – é preciso colocar na ordem do dia a “convocação de uma assembleia nacional constituinte soberana. É assim que se poderá empreender as modificações institucionais necessárias para revogar as instituições, leis e medidas do regime do PRI e PAN.”
Além da batalha pela constituinte, os Comitês de Diálogo vão impulsionar o trabalho pela construção de uma representação política independente, dos trabalhadores, e lutar pela independência e democracia nos sindicatos, buscando contribuir para expulsar o “charrismo” (pelegos) da vida sindical. Eles também passam a participar do CILI (Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio, formado em junho deste ano em Paris).
Para encaminhar essas e outras tarefas os membros da mesa da reunião constituíram uma Coordenação que é aberta a “todos os grupos de companheiros que concordam com as conclusões da reunião e queiram ajudar a implementá-las”.
Correspondente