Estudantes enfrentam morosidade do MEC, que não age para resolver o problema
A União Brasileira de Estudantes entregou no dia 26 de maio em Brasília uma carta com reivindicações ao Ministério da Educação durante o “1° Encontro de Estudantes” organizado pelo MEC, com a ajuda da UBES, em que participaram cerca de 120 estudantes. A atividade, segundo o Ministério, era para discutir o Novo Ensino Médio, mas a carta da UBES trata do assunto diluído em meio a um amontoado de outras reivindicações. Desde os atos de 19 de abril a UBES não convocou mais nenhuma mobilização pela revogação e diz que a “luta continua” com a consulta virtual do MEC.
Felizmente os estudantes não se contentam apenas com isso. Em Mato Grosso militantes da JRdoPT cobraram o Ministro da Educação em Cuiabá e ele teve que se explicar, embora sem dizer nada de novo. Uma semana depois, durante uma visita de Lula e Haddad à UFABC, estudantes levantaram cartazes com diversas reivindicações ao governo, dentre elas “Revogação do Novo Ensino Médio”. O fato é que o MEC até agora não fez nenhuma proposta concreta para resolver os muitos problemas criados pelo NEM e a situação piora.
Deixados à própria sorte
Um exemplo disso é o que ocorre em São Paulo. Em 2021, o então governador João Dória do PSDB quis sair na frente e adiantou em um ano a aplicação do Novo Ensino Médio. O resultado é que milhares de estudantes da rede estadual em 2023 não têm nenhuma aula de biologia, química, história, geografia, sociologia e filosofia. Este é o currículo oficial do terceiro ano do ensino médio da rede estadual de ensino. Mas, no final do ano a prova do ENEM e dos vestibulares de todas as universidades públicas de São Paulo irão cobrar conteúdo de todas essas disciplinas!
Sem solução por parte do MEC e nem da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os estudantes foram simplesmente abandonados para resolver o problema sozinhos.
Por isso há professores e diretores de escolas públicas que se recusam a aplicar o novo currículo para evitar prejudicar os estudantes e dão aulas das disciplinas tradicionais, conforme diversos relatos de estudantes da capital.
Mobilização e luta
Nessa situação, em Diadema (cidade da região metropolitana de São Paulo), foi marcada uma audiência pública na Câmara de Vereadores. A audiência deve ocorrer no dia 16 de junho, estudantes da cidade se mobilizam para participar com ajuda de professores da rede estadual.
No Paraná, essa mesma resistência se expressa. No dia 30 de maio um grupo de secundaristas entregou mais de 1 mil assinaturas de estudantes contra o NEM no núcleo regional de educação de Maringá. No seu abaixo assinado eles afirmam “Esse NEM traz aos alunos formações precárias com cursos de curta duração e aulas por video conferência, o que é um absurdo no cenário atual (…) Enfatizamos que a comunidade escolar não foi consultada no momento da criação da lei, demonstrando que é uma reforma antidemocrática. É preciso revogá-la (…)”
Cristiano Flecha