No partido comemoramos, não sem razão, cada pesquisa eleitoral registrando os altos índices de Lula. Afinal é a demonstração que por tudo e contudo, apesar de toda ofensiva montada contra o PT e Lula, não conseguiram levar a cabo seu intento.
Mas, o que fazer? Esperar 2022 para ver se as urnas confirmam as pesquisas, numa situação em que não se sabe, a continuar este governo, que eleições teremos, e se teremos?
O PT deveria concentrar-se em transformar as intenções de voto em Lula numa força organizada para lutar, já, pelas necessidades mais prementes do povo e pelo fim do governo.
Com a sucessão de crises que atinge o governo, agora focada na CPI da Covid no Senado, ele segue seu curso. E cada dia mais que tenha, além de aprofundar o sofrimento do povo é mais um dia para Bolsonaro ir consolidando-se como um governo bonapartista. É mais um dia para açular seus apoiadores, como o ataque de bolsonaristas a um militante petista em Recife e a ofensiva em todo o pais contra vereadores do PT.
A força do PT deve estar canalizada para construir já, e nas ruas, uma verdadeira oposição que ponha breque na tragédia nacional. Para isso reflexões devem ser feitas. Duas questões.
Primeiro, é alentador para o povo a recuperação dos direitos políticos de Lula e que ele possa voltar à cena como alternativa de governo e viajar pelo país. Daí o desespero da burguesia, envergonhada com a escória que pariu, para encontrar alguém que se revele capaz de continuar sua política. Afinal, para as classes dominantes segue valendo a motivação que ensejou o golpe: nem pensar na possibilidade de um governo do PT ao qual o povo oprimido possa exigir, e impor, seus anseios.
Por isso a questão se coloca: ajuda em que o roteiro observado na recente viagem de Lula a Brasília? De Kassab a Maia, são todos coautores do golpe de 2016 e patrocinadores da política contra a nação e o povo trabalhador de Temer e Bolsonaro. Não é por aí.
Deste mato só pode sair cobra criada que, na próxima oportunidade, dará de novo o bote. Não sem antes deixar a digital de seus interesses contra os interesses do povo. Como por exemplo, impedir que sejam feitas as profundas reformas não realizadas nos 13 anos de governo do PT.
Segundo: para o quê a direção deveria estar chamando a militância petista a concentrar sua energia? Na organização da luta, ao lado do povo. Esta é a tarefa! Ações de solidariedade (ou caridade) contra a fome, como fazem movimentos, igrejas e associações, não podem substituir a tarefa central do partido. A campanha “PT Solidário”, agora transformada em permanente, que convoca a militância a coletar e distribuir alimentos, não é propriamente o papel do partido. Aqui vale lembrar o velho provérbio chinês: “Dê um peixe a um homem faminto e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar e ele se alimentará pelo resto da vida.” No caso, o papel do nosso partido é ajudar a lutar. Um partido que nasceu do movimento que integrava a coleta de alimentos no ABC, como solidariedade às greves metalúrgicas, portanto como um reforço e organização da luta!
Balança mas não cai
A CPI do Senado confirma que um genocida está no comando do país, ela poderá comprovar todos seus atos criminosos, mas virá impeachment? A quase centena de pedidos engavetados sairão da gavetas pelas mesmas mãos que lucram com o engavetamento?
A farra com dinheiro público, como as emendas parlamentares e a revelação do orçamento secreto são fatos que abalam o governo, que balança, mas não cai. E por quê? Sem o povo em luta, não será por livre e espontânea vontade que estas instituições abrirão uma saída positiva para o pais, que começa por nenhum dia a mais para este governo.
Ajudemos o povo a lutar para ter uma vida que o permita sobreviver não de doações que não eliminarão a fome, a não ser por um dia. Ajudemos o povo a lutar, não nos confundindo com seus algozes que deram o golpe e promovem a política do genocida.
Misa Boito