O que está em jogo na Plenária da CUT

A 16ª Plenária nacional da CUT (Plencut) ocorrerá entre 21 e 24 de outubro (virtual). As assembleias dos sindicatos, eletivas às plenárias estaduais, irão de 4 de junho a 18 de julho, as plenárias estaduais e reuniões de ramos, eletivas para a Plencut, de 31 de julho a 10 de setembro.

O texto base traz em anexo contribuições das forças cutistas. O texto da “CUT independente e de luta” (CIL) questiona a linha paralisante da maioria (o “fique em casa”) e mostra como ela se liga a privilegiar acordos de cúpula com outras centrais, voltados à pressão sobre o Congresso e governadores, deixando as mobilizações do período isoladas.

Às vésperas das mobilizações de 29 de maio, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, soltou uma nota dizendo que “temos a responsabilidade de não negar o momento difícil e trágico que a pandemia está causando”. Atemorizando, ele conclui: “Precisaremos de todos vivos para vencermos todas as batalhas que ainda serão travadas”. As ruas deram a resposta.

É hora da CUT ocupar o seu lugar
Abaixo publicamos trechos do texto da CIL:

“Governos a serviço do capital dizem que o ‘inimigo comum é o vírus’, buscando uma ‘união nacional’ que impeça a resistência a seus ataques. Seja ‘em nome da ciência’, seja pelo ‘negacionismo’, com ou sem ‘lockdown’, eles utilizam a pandemia para ‘passar a boiada’. Mas a resistência existe (…)

O grosso da nossa classe esteve e está em trabalho ‘presencial’ e os sindicalistas deveriam estar onde está a sua base. (…)

A executiva nacional da CUT se viu diante de ‘pratos feitos’ vindos do ‘Fórum das centrais’. Foi assim com os atos de 1º de Maio virtual de 2020 e 2021, com a presença de inimigos da classe trabalhadora. (…) Em 26 de maio, durante o ato no DF por Vacina e 600 reais, dirigentes entregaram a ‘Agenda Legislativa das centrais sindicais’ ao Congresso. Seu ponto 5 propõe uma comissão dos ‘poderes’, o que inclui o Executivo federal (e o Judiciário), com ‘entes subnacionais’, que são governadores e prefeitos, e ‘a sociedade civil’, que inclui as centrais e os empresários. O que é isso senão uma ‘união nacional’ com o governo genocida? (…)

Esperar ‘em casa’ até outubro de 2022 para eleger Lula não responde ao atual momento. (…) Nem um dia a mais para o governo genocida! O que começa nas ruas em 29 de maio por Fora Bolsonaro e deve ter continuidade.”

Defender caráter sindical da CUT
O texto aborda o tema das “novas formas de organização sindical” (trechos):
“O sindicalismo brasileiro vive uma crise de organização e representação, acentuada pela ‘reforma trabalhista’ de Temer e o fim do imposto sindical. Para superá-la é preciso ‘amassar o barro’ para sindicalizar (…).

Nada justifica a filiação individual. Os terceirizados e precarizados de um ramo de atividade podem e devem ser incorporados ao sindicato. Tanto os informais como os ‘uberizados’ podem organizar-se coletivamente e filiar-se à CUT. Devemos apoiar a livre organização sindical, respeitando as tradições existentes e avançando na fusão de sindicatos afins. Nos ‘territórios’, sub-sedes de sindicatos ou da CUT não se dissolvem em ‘movimentos’ (…)

A CUT deve decidir a sua própria estrutura e normas de ação sindical (auto-regulação) sem subordinar-se à PEC 196 (…). Somos contrários a que um fórum de centrais sindicais substitua o antigo papel do Ministério do Trabalho de disciplinar a ação sindical.”

Vamos ao debate para rearmar a CUT para a luta de classe!

Julio Turra

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