OSI, atual “O Trabalho”: 45 anos de luta de classe e internacionalismo

Em 1976 o Brasil estava sob ditadura militar. Nesse tempo de repressão, ocorreu a unificação de grupos trotskistas em nosso país, sob impulso do Comitê de Organização pela Reconstrução da 4ª Internacional (CORQUI, criado em 1972).

No início do ano, o Grupo Outubro, a Fração Bolchevique Trotskista (FBT) e a Organização de Mobilização Operária (OMO), fundiram-se na Organização Marxista Brasileira (OMB). Em novembro, numa conferência clandestina na Praia Grande (SP), a OMB unificou-se com a Organização Comunista 1º de Maio, criando a Organização Socialista Internacionalista (OSI). Meses antes, em julho, as suas tendências estudantis haviam se somado na “Liberdade e Luta”, que marcou época na luta por “Abaixo a Ditadura”.

No terreno sindical, os militantes da OSI animavam grupos de oposição ao peleguismo, defendendo sindicatos livres e uma central sindical independente. O jornal “O Trabalho” aparece em 1º de Maio de 1978, coincidindo com a onda de greves iniciada no ABC e que se espalharia pelo país, abalando a ditadura.

“Por um Partido Operário”
Nas eleições de 1978, a OSI, junto com outras forças políticas e sindicais, fez campanha por “Nem Arena, nem MDB, voto nulo por um Partido Operário”. Os anos seguintes foram de campanhas pela liberdade dos presos políticos, pela Anistia, pela libertação de Lula e demais sindicalistas presos. O apoio à revolução na Nicarágua e à luta do “Solidarnosc” contra a burocracia stalinista da Polônia dava então a dimensão internacional do nosso combate.

Diante das iniciativas para formar um Partido dos Trabalhadores (1980-81), a OSI decidiu engajar-se no mesmo, defendendo um caráter independente (“partido sem patrões”) para o PT. Seus militantes jogaram também um papel relevante na fundação da CUT em 1983.

A entrada da OSI no PT levou à sua mudança de nome, primeiro para Fração 4ª Internacional e depois para Corrente O Trabalho (OT). Como OT, fomos à luta por Diretas Já (1984), participamos de greves gerais, da luta por uma Constituinte Soberana em 1986 – frustrada pela manobra de dar poderes constituintes ao Congresso – das vitórias eleitorais do PT, de Lula – declinando o convite a integrar o seu primeiro governo, dadas diferenças que tínhamos com seu programa – e de Dilma.

Um fio condutor
Não se trata aqui de resumir uma trajetória política de 45 anos, mas sim de destacar o seu fio condutor: independência de classe e internacionalismo.

A luta contra o sistema imperialista que leva a humanidade ao abismo, exige a solidariedade ativa com os trabalhadores e povos de todo o mundo. O que, por sua vez, pede um quadro internacional. A OSI nasceu do combate pela reconstrução da 4ª Internacional e hoje OT é a sua seção brasileira.

Mas, não somos a direção “autoproclamada” da revolução. A 4ª Internacional e suas seções se lançam à tarefa de, em pé de igualdade com forças de origens diversas, estabelecer quadros amplos de discussão e ação contra o imperialismo num terreno de classe. É assim com o Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (Barcelona 1991) e o Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (Argel 2017). No Brasil, nossos militantes constroem o Diálogo e Ação Petista, lado a lado com petistas de distintas origens que querem “agir como o PT agia”.

Os desafios permanecem
Sim, pois o sistema imperialista – como mostra a pandemia e seus efeitos sobre a humanidade, ou a crise climática que decorre da ganância pelo lucro – só é capaz de sobreviver atacando os direitos e conquistas dos trabalhadores e povos.
Ao mesmo tempo, esse sistema falido busca atrelar organizações políticas e sindicais dos explorados a um “consenso” que preserve a propriedade e os privilégios de uma minoria capitalista. Desafios que têm tradução em cada país e também no Brasil. Questões abordadas na edição 109 da revista A Verdade (órgão teórico da 4ª Internacional).

Nós, militantes da corrente O Trabalho do PT, orgulhosos de sua trajetória de luta e dos ensinamentos que ela nos deu, estaremos sempre ao lado dos explorados e oprimidos na luta para terminar com a exploração capitalista e a opressão. Viva os 45 anos da seção brasileira da 4ª Internacional! A luta continua!

Julio Turra

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas