Peru: Constituinte marca 1º de Maio

Na Praça 2 de Maio em Lima, onde fica a sede da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru, a histórica CGTP, realizou-se o ato pelo dia internacional de luta da classe trabalhadora.

Desde o balcão do prédio da CGTP, o presidente Pedro Castillo dirigiu-se aos milhares de manifestantes. Foi a primeira vez que um presidente da República fez isso no Peru. E isso numa situação de crise e instabilidade política aguda que marca o país.

Castillo começou seu discurso anunciando medidas de regulamentação da terceirização, modificações na lei de relações de trabalho de 1992 e outras, além de um aumento no salário mínimo para 1.025 soles (cerca de 1.350 reais). Em meio à sua fala, a praça foi tomada por gritos de “urgente, urgente, Assembleia Constituinte”. O que levou Castillo a dizer: “Ninguém pode tomar dos trabalhadores e do povo o direito de decidir a favor de uma Assembleia Constituinte”.

O presidente fazia referência ao projeto de lei que apresentou ao Congresso para que se convoque um plebiscito no mesmo dia das próximas eleições para prefeitos e governadores (em outubro) em que o povo decida Sim ou Não à convocação da Constituinte.

Só a mobilização desde as bases pode impor essa saída
Recordemos que o presidente Castillo, sob pressão das forças do capital transmitida pelos partidos de direita e pelos operadores políticos do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, como Hernando de Soto, havia abandonado a sua promessa eleitoral quanto à convocação de uma Assembleia Constituinte. Agora, diante de uma manifestação de 1º de Maio, ele oscila e retoma a sua proposta de campanha eleitoral.

Na verdade, isso corresponde a novas circunstâncias geradas por explosões sociais regionais envolvendo o movimento sindical, camponês e popular produzidas recentemente em Huancayo, Puno, Cuzco, Lambayeque, Las Bambas, para ficar nas mais importantes, que revelaram uma vez mais que a chave principal para encarar as soluções às reivindicações, inclusive para abrir a via para uma Assembleia Constituinte Soberana, será dada pelo grau de centralização e auto-organização social que seja materializado pelos trabalhadores e povo em luta, desde as suas próprias organizações.

Erwin Salazar Vásquez, Peru

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