Peru: Pedro Castillo tomou posse, e agora?

A primeira sessão do Congresso da República para eleger a sua Mesa Diretora, inaugurou-se excluindo a Lista 3 de Peru Livre, o partido do presidente.

A maioria parlamentar, com o apoio do fujimorismo, utilizou toda a sorte de truques para deixar de fora a lista vinculada a Pedro Castillo.

Neste ambiente, que reflete o atual momento de crispação e polarização política, Pedro Castillo, que representa o voto majoritário do povo peruano, tomou posse e fez a sua mensagem presidencial, retomando várias de suas promessas eleitorais, em particular a de Assembleia Constituinte, anunciando que apresentará um projeto de lei para reformar o artigo 206 da Constituição atual que tranca a convocação de uma Constituinte.

Disse Pedro Castillo: “Todos sabem, porque assim nos manifestamos muitas vezes, que uma de nossas principais bandeiras políticas, convertida agora numa bandeira da maioria do povo, é a convocação de uma Assembleia Constituinte que dote a nossa pátria de uma nova Carta Magna que permita mudar o rosto de nossa realidade econômica e social. Insistiremos nesta proposta, sempre no marco da lei e com os instrumentos legais que a própria constituição vigente proporciona”.

Reconhecemos a vontade política de Pedro Castillo, que resiste e insiste na luta por uma Assembleia Constituinte. Mas é necessário clarificar que seu discurso é contraditório com a composição política do Congresso: dos 130 parlamentares, Peru Livre só tem 37 e a absoluta maioria já expressou de mil formas a defesa da Constituição Fujimorista de 1993 e sua oposição à convocação de uma nova Assembleia Constituinte.

O que fazer?
Não podemos nos paralisar. A resistência das organizações do povo continua e existe um instrumento político adquirido formalmente na ONPE (Oficina Nacional de Processos Eleitorais) por Trinidad Abarca e que é promovido pelo congressista Guillermo Bermejo: alcançar 2 milhões de assinaturas por um Referendo que consulte o povo sobre a reforma total da Constituição sob encargo de uma Assembleia Constituinte.

Esta iniciativa política pode ser retomada por todos os Comitês de ampla unidade pela vitória de Castillo e pela Constituinte, pelos sindicatos, as Frentes de Defesa, os ronderos (auto-defesa camponesa, NdT).

A última assembleia nacional da CGTP (central sindical, NdT) acordou, dentre suas tarefas, recolher assinaturas para essa iniciativa do referendo. A próxima Assembleia Popular de Lambayeque colocou em sua agenda fazer campanha pelas assinaturas e o referendo como um meio para fortalecer sua mobilização pelas reivindicações e sua auto-organização.

“El Trabajo” que luta por uma Assembleia Constituinte Soberana, apoia essa iniciativa política, ligando-a à solução das reivindicações e à soberania da nação, bem como a utilizando para fortalecer todas as formas de auto-organização dos trabalhadores, camponeses e do povo.

Lima, 29 de julho
Editorial de “El Trabajo”, tribuna livre da luta de classes

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