“A federação atuará como se fosse uma única agremiação partidária” – lei nº 14.208 de 28/09/21
“Na geleia geral brasileira
Pindorama, país do futuro
Ê bumba-iê-iê boi
Ano que vem, mês que foi
Ê bumba-iê-iê-iê
É a mesma dança, meu boi
É a mesma dança na sala
(No Canecão), na TV
E quem não dança, não fala
Assiste a tudo e se cala”
Gilberto Gil e Torquato Neto, 1968
Na geleia geral brasileira” o Partido Progressista é a reação, o Partido da Social Democracia Brasileira é a direita, e o Partido Socialista Brasileiro é o centro (dominado pela direita com uma pequena ala esquerda).
Pois o PT arrisca entrar na “geleia” ao formar uma Federação Partidária com o PSB e o PCdoB, uma nova “agremiação partidária” com programa, estatuto, direção e finanças, por um mínimo de 4 anos (ver OT 893), dos senadores aos vereadores.
Nós não vamos nos “calar”. Não viemos até aqui por 41 anos para isso, os trabalhadores não merecem.
Veio da bancada a discussão atropelada pelo prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até março para valer nas eleições: “ano que vem, mês que foi”!
Alinhamentos iniciais
Na Comissão Executiva Nacional do dia 22, dos que falaram, vários queriam compreender. Os alinhamentos iniciais dentro da maioria, descolavam a boa parte de eufóricos parlamentares, da boa parte dos secretários da estrutura partidária. Era a favor a DS, e contra a AE e o DAP. Nova CEN foi marcada dia 10 e um Diretório Nacional dia 16.
A Federação é uma questão de futuro para o PT, não é uma mera questão de distribuição das sobras das cadeiras parlamentares para as legendas. Afinal, ninguém sai de um casamento de 4 anos como entrou, se é que sai. Certo, a autonomia dos partidos é clausula pétrea da Constituição, são autônomos dentro da federação, mas se saem dela antes de 4 anos, perdem o fundo partidário e o direito de coligação. Por outro lado, a legislação prevê a fusão partidária, que poderia vir após 4 anos, pois, mais ou menos abertamente, há quem no PT não veja outro futuro.
Mas na Federação, o PSB põe o PT no bolso em vários Estados, e o PCdoB, além de salvar os seus móveis do incêndio, vai “negociar” alguns quartos da casa comum com os métodos próprios. Nesse sentido, a boa parte dos secretários parece mais realista frente ao futuro, ao contrário dos cegos pela “governabilidade de Lula” ou pela quimera da “frente de esquerda”… com a direita e os bolsonaristas do PSB.
Pela continuidade do PT
Nós somos pela continuidade do PT, contra, portanto, seu enquadramento na camisa-de-força da federação. Sim, somos por uma frente antiimperialista, mais ampla que a “esquerda”, mas com conteúdo programático de soberania, que uma dita esquerda – Beto Albuquerque (RS), Marcio França (SP), Julio Delgado (MG) e outros – da “geleia geral brasileira” não têm.
Sim, uma frente – não federação – é necessária na luta por uma Assembleia Constituinte Soberana que reconstrua o que foi destruído e ordene as reformas estruturais que não foram feitas, em um novo governo encabeçado por Lula. Nessa caminhada, a aliança eleitoral – não federação – é com o PSOL e o PCdoB, mais os setores antiimperialistas do PDT, do PSB e outros.
Por fim, contrários ao bonapartismo bolsonarista, não apoiamos o bonapartismo do judiciário sobreposto aos demais poderes, desde o “mensalão”. Quem conduz com urgência a regulamentação da federação – competência do Congresso Nacional – é o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, o mesmo da Lavajato e do Semipresidencialismo contra Lula.
As instituições estão em frangalhos, o sistema está podre. Mas só o povo salva o povo. Contra a extrapolação do sr. Barroso com consultas às cúpulas partidárias, somos pela consulta ao povo numa Assembleia Constituinte Soberana.
Por isso, o povo precisa do PT e o DAP está em campanha, confira no link: https://bit.ly/EmDefesaDoPT
Markus Sokol