A presença de militares nos escalões do governo federal cresceu 193% de 2013 a 2021. É o que aponta o estudo de Flávia Holanda Schmidt, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Não foi um crescimento apenas numérico: a participação dos militares aumentou significativamente nos níveis 5 e 6, de maiores remunerações e mais poder decisório.
Soma-se a isso o fato de que os militares das três armas (Exército, Marinha e Aeronáutica), como servidores públicos, vêm tendo reajustes salariais muito superiores aos obtidos em média pelo conjunto os servidores, que reivindicam uma reposição de 19,99%.
O peso dos militares no governo tem um significado político que é impossível passar despercebido. Desde o fim do regime militar não se via tanta interferência política dos fardados.
É claro que esta é uma situação que Bolsonaro alimenta e cujo desenvolvimento promove. Com suas pretensões golpistas, ele tem na presença dos militares em seu governo um baluarte.
O colunista Jack Nikas publicou artigo no jornal “The New York Times”, edição de 12 de junho, no qual analisa possíveis consequências dessa quase onipresença militar no governo Bolsonaro. Ouvindo militares, políticos e até membros do Poder Judiciário, ele afirma que Bolsonaro teria apoio dos militares para promover um golpe de Estado caso Lula seja eleito. Os ataques de Bolsonaro ao STF, TSE e às urnas eletrônicas preparam o terreno, não sem o concurso direto dos militares, que se dizem “desprestigiados”, e a complacência do Judiciário, que busca acomodar as coisas.
Roberto Salomão