Lula: “Não tenham medo de cobrar”
Após um longo período, o Diretório Nacional se reuniu no dia 8 de dezembro por três horas, no desgastado formato híbrido. As falas contemplaram as “chapas”.
Numa participação por zoom, o presidente Lula dedicou a vitória “aos milhões de heróis anônimos agredidos” que não esmoreceram na luta pelo PT. Lembrou como Bolsonaro cresceu no segundo turno despejando recursos, usando a máquina e as instituições “todos contra nossa candidatura”, por resistirem à “prioridade da inclusão social”. Agora, disse Lula, o novo governo terá uma inédita “oposição de extrema-direita militante, em parte armada”. Considerou “um feito” a aprovação da PEC da transição no Senado, dá “um fôlego”. Mas, realista, afirmou que depois “vamos ter capinar recursos para cumprir as promessas de campanha”, arrematando que “este será o mandato da minha vida, ou faço muito mais, ou termino na merda”.
Lula anunciou que em 1º de janeiro vai descomissionar todos os cargos de confiança, uma boa notícia, ressaltou o problema da Lei das Estatais que o governador bolsonarista de SP, Tarcísio, tenta usar para privatizar o Porto de Santos antes da posse, e terminou deixando o recado “não tenham medo de cobrar”.
Só o tema dos recursos necessários num Orçamento historicamente esmagado pela dívida e apropriado pelo interesse privado – reflexo das instituições apodrecidas do Estado – só isso daria uma sessão inteira de debate na direção do partido. Mas ficou para outra oportunidade, Lula retirou-se depois de sua fala.
O DN adotou uma declaração (www.pt.org.br) limitada como a reunião, com muitas falas apenas laudatórias ou saudando ainda a “frente ampla sem concessões”, uma evidente cegueira. Ao final, foram dados informes e encaminhamentos sobre o preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalão – a presidente Gleisi ficando na presidência do PT para ajudar na “disputa do governo” – e também sobre algumas das providências para o sucesso da mobilização da posse. Nem todos os oradores se referiram à questão.
O DAP apresentou a contribuição acima resumida, participou da comissão de preparação e não quis ser obstáculo a uma declaração partidária “consensual” neste momento. Agora, é de esperar que o partido, falando claro, se organize muito mais do que na campanha para realizar as aspirações dos nossos eleitores e defender pontos históricos de programa.
MarKus Sokol