Procuradores se subordinaram aos EUA

A subordinação dos integrantes da Lava Jato aos interesses do imperialismo estadunidense foi comprovada pelas amplas reportagens da série #VazaJato, disponíveis nos sites do The Intercept Brasil, Agência Pública e outros órgãos de imprensa. Conversas vazadas entre os procuradores e as demais informações apuradas escancaram uma colaboração secreta com policiais do FBI e integrantes do Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos.

 Autoridades estrangeiras só podem realizar investigações em território brasileiro a partir de intermediação do Ministério da Justiça. Sem fazer esse pedido, a Lava Jato tramou com o DoJ, em 2015, a vinda de uma delegação dos EUA que interrogou brasileiros.

Pelo menos 17 estadunidenses participaram de reuniões da força-tarefa em Curitiba. A ação tinha de ficar em segredo, não apenas por violar a legislação brasileira, mas também por exigência dos estrangeiros. “Americanos não querem que divulguemos as coisas”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol, em conversa com um assessor.

 Os policiais dos EUA fizeram reuniões com advogados dos delatores e negociaram a colaboração com a Justiça daquele país. A força-tarefa orientou os estrangeiros a propor a ida dos que se dispunham a colaborar aos EUA, por causa das limitações que a legislação brasileira impõe.

Multa bilionária
 A Lava Jato trabalhou para que os EUA impusessem uma multa bilionária à Petrobras, com o objetivo de terem acesso a uma parte do dinheiro. A ingerência imperialista em supostos crimes cometidos no Brasil tem como base uma lei estadunidense, conhecida pela sigla FCPA, que autoriza a punição de crimes de corrupção mesmo que não tenham ocorrido nos EUA. Basta que alguma transação tenha sido realizada em dólares, por exemplo.

 Os procuradores negociaram com o DoJ o recebimento de um percentual da multa finalmente aplicada, em 2018. As negociações levaram ao valor de R$ 2,5 bilhões, os quais seriam aplicados na criação de uma fundação privada por parte da Lava Jato. Diante da repercussão negativa, isso não prosperou.

– Em um evento em 2017, Kenneth Blanco, ex-dirigente do DOJ, afirmou: “Dado o relacionamento íntimo entre o Departamento de Justiça e os promotores brasileiros, não dependemos apenas de procedimentos oficiais, como tratados de assistência jurídica mútua, que geralmente levam tempo e recursos consideráveis (…). De fato, na semana passada, os promotores no Brasil ganharam um processo contra o ex-presidente Lula da Silva”.

– Como ministro da Justiça, Sergio Moro ampliou a cooperação com o FBI. Entre outras ações, firmou dois acordos, um de troca de informações biométricas e outro de criação do Centro Integrado de Operações na Fronteira, em Foz do Iguaçu (PR), que a embaixada dos EUA pressionava o Brasil a montar há pelo menos dez anos, o que os governos Lula e Dilma não aceitaram.

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