Renault: greve reverte 747 demissões

Os metalúrgicos da Renault em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) voltaram ao trabalho em 13 de agosto, depois de 21 dias de greve contra a decisão da empresa de demitir 747 trabalhadores (10% da força de trabalho da empresa).

A greve começou em 22 de julho, um dia após o anúncio das demissões, parando totalmente a fábrica. Ela recebeu a solidariedade de sindicatos de metalúrgicos de todo o país, de outras categorias, partidos e movimentos. As assembleias presenciais se sucederam, com ampla participação.

Em 5 de agosto, uma decisão judicial proibiu as demissões. Mas a greve foi mantida exigindo negociação sobre as condições da readmissão. Os resultados da negociação foram levados à uma assembleia virtual e 95% dos mais de 5.400 participantes aprovou as propostas, que incluem reajuste salarial, abono e PLR.

“A maior vitória foi a readmissão dos 747 trabalhadores e a garantia de que não haverá demissões nos próximos oito meses”, avalia Nelsão, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (filiado à Força Sindical). Após esses oito meses, não poderá haver demissões sem prévia negociação com o sindicato.

Os reintegrados ficarão em casa, recebendo seus salários normais, até o dia 20, quando termina o Plano de Demissão Voluntária (PDV) aberto pela Renault. Se a meta do PDV não for atingida, será implementado lay-off (suspensão de contratos) com pagamento de 85% do salário líquido, durante pelo menos cinco meses. Poderá ainda haver redução de jornada e salário com base na Lei 14.020 (originária da MP 936), mas os trabalhadores, em função de sua luta, estão hoje mais fortes para resistir.

“Reestruturação” da Renault
A Renault, multinacional francesa, passa por um plano de “reestruturação” que pretende levar à demissão de mais de 15 mil trabalhadores em vários países. A empresa teve de recuar das demissões no Paraná, mas não abriu mão de seus planos.

Instalada em São José dos Pinhais em 1998, durante o governo Jaime Lerner, a Renault recebeu incentivos do estado, que também providenciou a infra-estrutura para que ela pudesse operar. À época, o contrato foi questionado pelo PT e seus deputados na Assembleia Legislativa, inclusive com ações judiciais. Uma lei estadual de 2005 passou a proibir que empresas que recebam incentivos fiscais do governo promovam demissões.

A greve dos metalúrgicos da Renault mostra o caminho para se enfrentar as demissões e para defender os direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelos governos e pelo capital multinacional.

Roberto Salomão

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