Resistir à brutal ofensiva imperialista

A luta de classes, nacional na sua forma, é, entretanto, internacional em seu conteúdo.

Em todos os países a pressão imperialista para manter de pé o sistema da propriedade privada dos grandes meios de produção, sistema em crise aberta, busca apoderar-se, até por guerras, das riquezas nacionais, como o petróleo no norte da África ou as minas de ouro no Haiti, e reduzir drasticamente o custo do trabalho para parâmetros que questionam a própria vida humana, a exemplo dos 600 mortos na “competitiva” indústria têxtil de Bangladesh.

Em cada continente, cada país, a situação, embora diferenciada, aponta um mesmo problema: a ameaça que pesa sobre os trabalhadores por conta da brutal ofensiva do imperialismo que só assim pode sobreviver à própria crise.

Essa ofensiva, a necessidade e os meios de resistir, estiveram no centro da discussão do 8º Congresso Mundial da 4ª Internacional, que acaba de se realizar entre os dias 26 e 29 de abril, na França.

No transcurso do congresso, uma notícia de que o governo dos EUA prepara, através de sua base militar na Espanha, uma intervenção na Argélia, motivou uma discussão dos delegados reunidos. Foi decidida uma campanha internacional em defesa da soberania da nação argelina (ver pág.11).

De fato, a pressão o imperialismo não poupa nenhum governo, não aceita nenhuma medida séria, por menor que seja, de promoção da soberania nacional.

É daí que vem, em nosso continente, a tentativa de deslegitimar as eleições presidenciais na Venezuela, para tentar abrir o continente inteiramente às montanhas de capitais especulativos produzidos pelos Bancos Centrais dos países imperialistas em crise.

Esse é no Brasil o conteúdo da grita generalizada dos banqueiros e seus agentes, pela elevação da taxa de juros para remunerar esses capitais, pressão à qual o governo cedeu e voltou a aumentar os juros através do Banco Central.

Este é o conteúdo da pressão das multinacionais do petróleo pela retomada dos leilões, para abocanhar uma parte ainda mais importante de nossas reservas, e o governo cedeu, marcando a retomada do 11º leilão de áreas petrolíferas interrompido em 2008, agora para os dias 14 e 15 de maio.

Nós, que combatemos para que o governo Dilma adote uma política sintonizada com os interesses dos trabalhadores e da maioria oprimida que lhe deram o mandato, chamamos o PT e Dilma a assumirem a defesa da nação.

Isso é possível, além de absolutamente necessário. Assim como o governo brasileiro reconheceu a soberania da Venezuela, contra a pressão dos EUA, da OEA (Organização dos Estados Americanos), Dilma deve respeitar a soberania do Haiti, e retirar as tropas brasileiras que, vergonhosamente, comandam a ocupação há nove anos.

Assim como Dilma recusou a ingerência nos resultados das eleições venezuelanas, deve rechaçar as pressões sobre seu governo, agora focadas pelo Relatório do FMI para o Hemisfério Ocidental contra “os salários dos trabalhadores que sobem acima da produtividade”. Dilma deve revogar as medidas de “compensação” do custo do trabalho, como a desoneração da folha de pagamento que sangra as contas da Previdência.

Isso pode irritar os donos do mundo, mas certamente encontrará o respaldo no povo trabalhador.

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