Santa Catarina: Governador criminaliza greve dos servidores

Dirigentes do SINTESPE são ameaçados de destituição

Após quase um mês de greve, os servidores estaduais da administração direta, autárquica e fundacional do Estado de Santa Catarina decidiram em assembleia no dia 7 de abril suspender a paralisação mantendo-se mobilizados pela abertura de negociações de sua pauta de reivindicações.

A decisão se deu em defesa do SINTESPE, sindicato da categoria, alvo de um ataque do governador Raimundo Colombo (PSD) que, além de ter obtido na Justiça o bloqueio das contas da entidade e multa diária de R$ 100 mil se a greve continuasse, fez lembrar os dias da ditadura militar ao entrar com o pedido de destituição da diretoria do sindicato. O fato de a greve ter atingido os agentes do sistema prisional, onde a paralisação foi total, serviu de pretexto para a declaração da ilegalidade da greve pela Justiça e as ameaças de retaliação do governador contra a direção sindical.

É um precedente perigoso e inaceitável, um atentado ao direito de greve e à própria organização sindical, que recebeu o repúdio da CUT, CTB e dezenas de entidades do movimento sindical e popular na Marcha dos Catarinenses de 9 de abril. Na marcha foi adotada uma moção de repúdio à atitude do governador, que teve um boneco seu queimado pelos manifestantes.

Procurados pelos sindicalistas, parlamentares da Assembleia Legislativa Catarinense do PT, PCdoB e do Psol também manifestaram solidariedade ao SINTESPE. Dispuseram-se a pedir audiência com o governador para que se dê satisfação à pauta de reivindicação dos trabalhadores e que se parem os ataques ao sindicato. No fechamento desta edição, o presidente do SINTESPE Maurino Silva e o diretor de Comunicação Wolney Chucre estavam intimados a depor na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC). Uma prova cabal da política de criminalização da greve adotada pelo governo estadual.

Artigo publicado originalmente na edição nº 746 do jornal O Trabalho.

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