A greve de 30 dias dos municipais de Florianópolis, iniciada em 11 de abril, marcou a resistência da categoria contra a privatização dos serviços públicos, através das Organizações Sociais (OSs) e em defesa da data base.
A greve sofreu forte reação do empresariado e uma propaganda milionária na mídia para jogar o povo contra os grevistas e o sindicato Sintrasem. Na Câmara Municipal foi solicitada uma CPI contra o sindicato. No terceiro dia de greve, um despacho da justiça exigiu 100% dos servidores da saúde e educação de volta ao trabalho e impôs interdito proibitório ao sindicato, de 450 metros de locais de trabalho.
Apoio popular
O governo, que se recusava, teve que abrir negociação após 14 dias da greve que paralisou o serviço público das principais secretarias. Os grevistas fizeram um forte trabalho nas comunidades, explicando em reuniões porque combater as OSs e defender o dinheiro público para o serviço público. O apoio de organizações comunitárias foi importante para manter e fortalecer a greve.
Trabalhadores da Comcap (coleta de lixo), de hospitais (Sinsaúde, sindicato estadual), transporte público e do centro de ciência da UFSC paralisaram algumas horas em apoio. A presença de dirigentes do Sindsep (municipais de São Paulo) contribuiu para uma campanha nacional em apoio à greve.
A luta continua
O movimento encerrou sem conseguir revogar as OSs, seu objetivo desde que o prefeito a aprovou na Câmara. Em assembleia, a greve foi encerrada com 90% dos votos, contra os grupos de oposição à direção do sindicato que queriam manter. Mas a luta não acabou. Foi lançado um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) pela revogação da lei das OSs, pelo qual colhem assinaturas comitês que contam com entidades populares.
Uma plenária popular e sindical na cidade vai organizar a campanha pelo PLIP e, a partir do Sintrasem, convidar sindicatos e movimentos a realizar, em Florianópolis, um Encontro Nacional pela Revogação da Lei das OSs, recolocando a luta nacionalmente.
A categoria sai fortalecida. A truculência da prefeitura, do Judiciário e da mídia, ascendeu a luz para os grevistas sobre a situação do país. No início do movimento, a discussão da luta por “Lula Livre” era morna. No seu desenvolvimento, com o debate na categoria, em assembleia foi aprovada a delegação de um ônibus ao 1º de Maio, em Curitiba, por Lula Livre.
Renê Munaro