Os trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) rejeitaram a proposta de acordo coletivo de trabalho (ACT) apresentada pela empresa em assembleia nacional realizada no último dia 6. O texto foi derrotado por 343 votos a 137. A assembleia foi marcada por tentativa de interferência da direção da empresa e tumulto em Brasília.
As negociações se arrastam há mais de um ano. A demora se dá pela postura da direção da empresa na mesa de negociação que, orientada pela política de Bolsonaro, tenta impor perdas de direitos aos trabalhadores.
No final de 2020, a EBC pediu mediação do Tribunal Superior do Trabalho. Durante as tratativas – percebendo que não conseguiria tirar direitos – a direção da empresa, composta majoritariamente por militares reformados, abandonou as negociações.
Não cumpre acordo e persegue sindicalistas
A empresa decidiu, de forma truculenta, parar de seguir o acordo coletivo em 12 de novembro. O impacto atingiu os trabalhadores com menores salários e os mais vulneráveis. A direção atacou ainda as lideranças sindicais com a cassação das liberações remuneradas. Até cláusulas de auxílio a pessoas com deficiência deixaram de ser cumpridas.
Com isso, os trabalhadores entraram em greve por tempo indeterminado a partir da zero hora de 26 de novembro, o que forçou a empresa a enviar nova proposta. O texto apresentado impõe um banco de horas sem regulamentação, retira progressão de carreira, não retroage a data-base e não reajusta as demais cláusulas econômicas.
Na assembleia do dia 6, a empresa, em manobra desesperada, colocou veículos para levar os empregados alinhados à direção para a votação, o que causou tumulto em Brasília. Não deu certo. Os trabalhadores permaneceram em greve, reafirmando sua posição na luta pela manutenção do acordo coletivo na integralidade contra a política de desmonte e retirada de direitos de Bolsonaro.
Eduardo Viné Boldt