Depois que, em 10 de abril, o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, saiu da prisão de Latacunga por força de um habeas corpus, o governo direitista de Guillermo Lasso apoiado por um batalhão de jornalistas, procuradores, comentaristas desencadeou uma violenta campanha para reverter a decisão, o que finalmente ocorreu, em 20 de maio, por sentença de um Tribunal da região de Santa Elena.
Glas foi condenado sem provas, em 2017, acusado de suborno, associação ilícita e peculato em casos de corrupção envolvendo a filial equatoriana da empresa brasileira Odebrecht. Foi novamente colocado em prisão, desta vez na cidade de Quito, capital do país. Ele é vítima dos mesmos métodos lavajatistas que se abateram contra Lula e outros dirigentes do PT no Brasil.
A própria sentença do Tribunal que cassou o habeas corpus é um exemplo de perseguição. Ela chega a inverter postulados jurídicos ao alegar que a Procuradoria Geral do Estado equatoriano teve prejudicado seu direito de defesa no julgamento do habeas corpus. Como se quem estivesse privado de liberdade fosse o Estado e não o cidadão Jorge Glas.
Na mesma sentença, o Tribunal ainda mandou instalar procedimentos disciplinares contra o juiz, funcionários da seção judicial que havia concedido o habeas corpus de abril e do serviço prisional que participaram das audiências.
Nesta situação em que a perseguição se aprofunda é necessário o fortalecimento da campanha pela libertação de Jorge Glas e pelo fim do “lawfare”.
Os militantes do “Comitê 2 de Outubro – Verdade, Justiça, Solidariedade”, antena equatoriana do “Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio” (CILI) já voltam neste domingo, 22 de maio, aos plantões semanais, agora em Quito, que vinham realizando desde outubro de 2017.
O advogado de Glas, Edison Loaiza, vai apresentar um novo habeas corpus em Quito. E será retomada a campanha internacional a partir de um chamado a ser lançado pelos companheiros equatorianos.
Num vídeo gravado pouco antes de retornar voluntariamente à prisão, Glas reforçou que é vítima de uma “perseguição judicial infame, sem precedentes” e agradeceu aos que lutam por justiça confiando que “volto à prisão, mas tornarei a sair”.
No twitter, o ex-presidente Rafael Correa escreveu “houve uma pressão midiática e política sem precedentes sobre o Tribunal de Santa Elena que visivelmente sentenciou contra o direito. A maldade voltou a triunfar, mas a vitória definitiva será nossa, não tenham dúvidas
Edison Cardoni