UNINOVE: demissão em massa de professores por Pop-up

No dia 22 de junho a Uninove surpreendeu mais de 300 professores com demissões feitas pelo AVA, ambiente virtual de aprendizagem próprio da instituição. Entramos em contato com uma das professoras demitidas, que prefere não se identificar e também não mencionar o curso em que lecionava para evitar qualquer tipo de represália.

Ao falar sobre a demissão e sua caracterização, a professora relata que “o que mais pegou foi a surpresa de ser mandada embora pelo pop-pup no AVA. Entrei uns minutinhos antes da aula com tudo preparado, digitei a senha, e quando entrei, aquela mensagem! Os alunos estavam aguardando a aula, a atividade estava toda preparada. Imediatamente eles foram direcionados para uma live. Entrei em contato com a coordenação do curso, que também ficou surpresa com a minha demissão! Os coordenadores só ficaram sabendo das demissões pelo grupo de Whatsapp do curso na medida que os colegas comunicavam as suas demissões e se despediam dos demais”.

Além de causar surpresas entre os trabalhadores da instituição com a forma e com o número massivo de demissões, entre os alunos não foi diferente, eles protagonizaram no dia 22 de junho manifestações de indignação à Uninove e solidariedade aos professores demitidos pelas redes sociais e também diretamente com os professores, é o que nos relata a professora: “Os alunos ficaram indignados! Uma aluna em contato comigo pelo whatsapp me enviou uma mensagem mostrando a sua indignação: Onde é que já se viu, direcionar a gente para uma live sobre compaixão e empatia enquanto os professores estão sendo demitidos desse jeito?”

Segundo informações do Sinpro SP, a Universidade justifica as demissões em decorrência da situação sanitária provocada pela pandemia e os impactos disso na economia do país.
No dia 23 de junho o sindicato ajuizou dissídio coletivo pedindo cancelamento das demissões e mediação do tribunal devido a situação gravíssima. Diante disso o Desembargador Rafael Edson Pugliese Ribeiro que é vice-presidente judicial do Tribunal Regional do trabalho, estipulou um prazo de cinco dias úteis para a Uninove se manifestar sobre as demissões dos professores. Caso a universidade não se manifeste no prazo estipulado, o tribunal poderá marcar audiência de conciliação.

Para a professora as relações poderiam ter sido dadas de uma forma diferente, “Poderia ter sido de uma maneira mais branda, a gente que está vivendo isso já estava vendo esta reestruturação em andamento, primeiro passou o EAD de professor para tutor, depois diminuiu a carga horária presencial dos cursos, em seguida diminuiu a carga horária dos professores, fazendo os professores assinar a cada semestre uma carta de redução de carga horária.”

Ao analisar o relato da professora é possível compreender que os ataques aos trabalhadores sobretudo do ensino superior da rede privada já estão sendo implementados bem antes da pandemia. São a própria materialização da reforma trabalhista e hoje com a crise sanitária as novas modalidades de trabalho como as previstas na reforma tem lugar certo!

Com essas demissões inevitavelmente as salas virtuais estarão lotadas, o que sobrecarregará os que ficam na instituição com acúmulo de trabalho, já imaginou 300 alunos em uma sala de aula? Corrigir atividades, orientar alunos? Esse é o home office, uma das modalidades de trabalho prevista na reforma trabalhista de Temer emplacada logo após o golpe de 2016 e seguida com todo vigor pelas medidas do governo Bolsonaro. E se seguir a lógica  relatada pela professora e o curso do governo federal, o próximo passo é a redução de salário.

Carin Moraes

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