A Frente Povo Sem Medo articula o movimento “Vamos!”, com a participação de nomes ligados ao PT e PSOL.
O “Vamos!” prevê um calendário de três meses de debates pelo país, transmitidos pela internet, com participação do público por meio do site.
O objetivo é tratar de cinco temas: democratização da economia; democratização da política e do poder; território e meio ambiente; questões negras, feministas e LGBT; comunicação e cultura.
E como não poderia deixar de ser, até pela similaridade (a horizontalidade, o uso das redes sociais e a crítica às organizações tradicionais), o “Podemos” da Espanha vai participar dos debates.
Evidentemente que, em véspera de ano eleitoral, um movimento desse não terá como deixar de se pautar pela disputa eleitoral que já se abriu. Ainda mais: o fato de ser lançado no exato momento em que Lula iniciava sua Caravana pelo país, ninguém pode ser inocente a ponto de não entendê-lo como a busca de uma alternativa à candidatura de Lula.
O próprio Boulos, dirigente da FPSM, trata de explicar que “há poucos meses a Frente Brasil Popular lançou um programa emergencial para o País”, como quem diz “não sou só eu!”.
Democracia na discussão?
No estilo do Podemos, o “Vamos!” propõe um debate no qual, sob a capa de uma “ampla discussão nas redes”, com propostas que certamente serão enviadas por pessoas honestas e bem intencionadas, possivelmente caberá a um pequeno grupo, de pessoas bem ou mal intencionadas (não interessa) elaborar “seu programa”. Isso é o “Podemos” e seu método.
Do ponto de vista da disputa da vida real e da luta de classes no Brasil, o “Vamos!” só pode ser tratado como, no mínimo, um desserviço ao combate pelo mais amplo agrupamento em torno de Lula e, à luz do balanço desses 14 anos, a construção de um programa que retome o que o golpe retirou e avance as reformas populares, o que não pode prescindir de uma Constituinte e na composição de alianças eleitorais anti-imperialista, antilatifundiárias e antimonopolistas. Exatamente com está afirmado nas resoluções do 6º Congresso do PT. O resto é poeira nos olhos das massas.
Laércio Barbosa