Volta às aulas semipresenciais na Bahia

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou a volta às aulas semipresenciais para 26/7 na rede estadual. Ao invés de garantir as medidas necessárias para um retorno seguro o governador desqualificou e ameaçou os professores com o corte de salário e os estudantes com corte de bolsas caso não comparecessem às escolas.

Há muitas reclamações da precariedade e desigualdade do ensino remoto, mas “não dá para voltar de qualquer jeito, sem negociar e adotar as medidas necessárias” dizem os professores. O governador afirma que há condições, no entanto o retorno não foi como esperava.

A realidade é outra
Na primeira semana prevista para o retorno viu-se que a realidade escolar é outra: não existem condições reais para um retorno seguro. Diretores de várias escolas tiveram que anunciar que não teriam aulas porque faltavam as condições materiais. O Colégio Estadual Pedro Calmon do município de Amargosa afirmou que “aulas semipresenciais serão iniciadas assim que demandas administrativas e técnicas sejam resolvidas”. Há cidades em que a vacinação segue suspensa e atrasada por falta de vacinas. A testagem realizada nas escolas estaduais pelo governo foi suspensa e não retomou. Mais do que isto, 90% dos municípios não tinham nem transporte escolar licitado.

Mesmo nestas circunstâncias o governo encaminhou ofício para que os diretores das escolas controlassem o ponto dos trabalhadores da educação.

Professores exigem garantias
Mesmo com toda ameaça, na maior parte do estado os professores resolveram não retornar às atividades presenciais enquanto as condições não estejam asseguradas. A direção do sindicato (APLB) diz que só volta com a segunda dose aplicada. Porém, a delegacia sindical de Amargosa e os núcleos das cidades de São Gonçalo, Elísio Medrado, Teofilândia e Jiquiriçá defendem assembleia da categoria, pois “a pauta de reivindicações não se limita a vacinação” e para mobilizar e exigir do governo outras medidas como “testagem para Covid da comunidade escolar, máscaras e outros EPIs, adequações físicas das salas, transporte escolar e passe livre estudantil, mais concursos”. Este movimento forçou o governo a sentar para negociar.

De que lado está governador?
É o questionamento dos professores na nota citada acima. Com razão! A truculência e ataques aos direitos não condiz com o mandato que o povo baiano deu a Rui do PT. É o tipo de postura da corja de ACM Neto (DEM) e Bolsonaro derrotados nas urnas na Bahia. Por isso, é vergonhoso o silêncio da direção estadual do PT até agora. Maíra Gentil, da executiva estadual e do Diálogo e Ação Petista, disse que “é solidária com os professores e que o partido deve, sim, cobrar do governador que negocie e atenda as reivindicações”.

A negociação para o retorno presencial seguro deveria ser uma prioridade do governador petista, inclusive buscando força para enfrentar os cortes no orçamento e outros ataques de Bolsonaro. Se manca, mais um vez, governador!

David Romão

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