O drama das famílias despejadas em plena pandemia

Perder o teto e abrigo para sua família é uma realidade para milhares de pais e mães neste agosto de 2021. Não existem cifras precisas em âmbito nacional mas a realidade está nas ruas e praças das cidades brasileiras. Trabalhadores que perderam seu emprego são despejados e, de um dia para outro, se veem na rua com seus poucos pertences, móveis, roupas. No estado de São Paulo a lei de acesso a informação obrigou o Tribunal de Justiça a apresentar os números. Em apenas três meses, de janeiro a março de 2021 foram registradas 8.417 ações (incluindo imóveis comerciais), um aumento de 80% comparado aos desejos do mesmo período do ano de 2020. Quem circula na maior e mais rica cidade do país assiste o quadro desolador de barracas em todas as praças e canteiros, em todos os bairros, com jovens, crianças, famílias inteiras jogadas às nas ruas pelo insensível sistema capitalista e seus governos.

Fim do auxílio emergencial agrava o quadro
Nas Ocupações organizadas é grande o movimento de novas famílias e pessoas que se somam de forma precária para obter um teto. Ainda no ano passado a existência do auxílio emergencial de R$ 600,00 segurou muitos em suas casas alugadas. Hoje com o fim do auxílio milhares que usavam o valor para pagar aluguel estão sem ter como fazer. É o caso de uma família que foi despejada há dois meses num bairro pobre ao lado da Ocupação Douglas Rodrigues na Vila Maria na capital de São Paulo. O casal de trabalhadores, ela faxineira desempregada de 30 anos, conseguiu se ajeitar em baixo de uma escadaria improvisada num dos galpões da Ocupação. As crianças estão em casa de parentes. A direção do Movimento decidiu abriga-los depois de ver a família numa barraca na rua. Essa Ocupação que abriga 2 mil famílias não tem onde colocar as famílias que diariamente procuram a direção do Movimento pedindo um “espaço”. Cada pedaço do terreno de 50 mil metros quadrados está ocupado por casas.

Campanha Despejo Zero
Os Movimentos de luta por Moradia criaram uma campanha nacional chamada Despejo Zero. Essa articulação conseguiu aprovar em julho projeto de suspensão dos despejos até 31 de dezembro de 2021 no Congresso Nacional (Câmara e Senado). Contudo no dia 4 de agosto Bolsonaro vetou a íntegra do projeto. Uma das alegações do governo genocida é que a medida daria “um salvo conduto para os ocupantes irregulares de imóveis públicos, frequentemente, com caráter de má fé, que já se arrastam em discussões judiciais por anos”.

A luta deve continuar pelo próximo período, inclusive no âmbito dos estados. Em São Paulo o “democrata” governador Dória (PSDB) também vetou projeto semelhante que havia sido aprovado pela Assembleia Legislativa. No dia 10 de agosto ocorreram manifestações pelo direito a moradia e contra os despejos durante a pandemia. A unidade dos distintos movimentos e ações de massa nas ruas é o caminho para colocar os governos contra a parede além da importante participação dessas organizações na luta para despejar Bolsonaro (este sim precisa ser despejado!) do Palácio do Planalto!

Henrique Ollitta

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