Onda de greves em toda a Alemanha por salários diante da inflação decorrente da guerra 

Uma onda de greves nos setores públicos municipais e federais sacudiu toda a Alemanha. No centro a luta por aumento real (10,5% de reajuste para um acordo de um ano), contra a guerra social desatada pelo governo.

Mais de 500 mil empregados públicos, de um total de 2,5 milhões, foram à greve no final de março, com o seu sindicato Ver.di ganhando mais 70 mil sócios, algo que não ocorria há 40 anos. 

Nos Correios, 100 mil trabalhadores, de um total de 160 mil, foram à greve por aumento de 15% do salário. Em 27 de março o Ver.di e o sindicato dos ferroviários (EVG) convocaram greve conjunta por aumento de 12% nos salários e um mínimo de 650 euros por mês, a qual paralisou ônibus urbanos, trens, aeroportos, portos e rodovias 

Também houve greves em hospitais e escolas contra a política de austeridade do governo Scholz (aliança entre os partidos SPD, social-democrata, FDP, democrático liberal, e verdes). Milhares de médicos entraram em greve entre 21 e 22 de março, em oito estados, por “mais pessoal!”, “melhores condições de trabalho” e “recuperação da inflação”. 

Bilhões para os salários, não para a guerra
“Ao invés de bilhões para as armas, que sejam destinados à defesa do poder de compra dos salários, aos hospitais, às creches…”, é o que se lê em cartazes e panfletos das greves. Para atender à reivindicação salarial do Ver.di se gastaria 15,4 bilhões de euros; mas só o aumento na ajuda de guerra à Ucrânia é de 15 bilhões. 

Em 30 de março, as negociações com o setor público fracassaram, pois os governos recusaram compensar a inflação nos salários. Antes, nos Correios, a direção do Ver.di, sob pressão do governo que dizia “tempo de guerra não é de reivindicação”, aceitou aumento salarial de 5% e mais um bônus, com perda do poder de compra. O que provocou descontentamento (38,3% da base votou contra). O que repercutiu na recusa da proposta feita para os funcionários municipais e federais. Agora esses trabalhadores preparam uma nova greve.

Depois dos 50 mil manifestantes em 25 de fevereiro contra a política de guerra e destruição social de Scholz, a atual onda de greves reforça o choque da classe trabalhadora e da maioria da população com o governo federal.

Correspondente

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