A quem serve a campanha contra a Petrobras?

A onda de ataques mentirosos pela privatização/desnacionalização do petróleo brasileiro, orquestrada por políticos de oposição e pela grande imprensa, visa pressionar o governo Dilma a fazer mais concessões, mais do que já fez.

A executiva nacional do PSDB realizou na semana passada um “seminário” sobre a Petrobras. Tentam “provar” que a estatal não tem capacidade para produzir o que o país necessita e que apenas empresas privadas salvariam o Brasil do “caos energético”. Defendem assim a retomada do modelo da era Fernando Henrique Cardoso de leilões de concessões de campos de petróleo às multinacionais privadas. E pedem urgência aos novos leilões.

Tucanos mentem…

Mentem quando dizem que, pela falta de empresas privadas, o Brasil reduziu sua produção. O fato é que a Petrobrás aumentou continuamente sua produção nos últimos anos. Teve sim uma queda em 2012 – já parcialmente recuperada (ver gráfico) – que se explica por vacilo do governo em fazer mais (e não menos) investimentos estatais. Também contribuíram a realocação da extração em novos poços, a interdição de plataformas por condições precárias de trabalho etc. Mas nada tem a ver com a condição de estatal. Até por que, empresas privadas, como a OGX, tiveram quedas até maiores no mesmo período.

Distorcem quando dizem que a Petrobras está perdendo valor. Sim, o preço da ação da Petrobras na bolsa caiu. Mas isso tem a ver com especulação, e não com o valor dos ativos reais da empresa (que agigantaram- se com as descobertas do présal). Ela, aliás, tem investido pesado nos últimos anos, preparando-se ao pré-sal: são R$166 bilhões de ativos em construção, que só gerarão lucro no médio-longo prazo. Acionistas especuladores, na procura de lucros mais imediatos, vendem suas ações fazendo seu preço cair. Por outro lado, quem disse que a estatal tem sempre que dar lucro imediato? O compromisso da Petrobras tem de ser com o povo brasileiro, com o futuro de longo prazo do país e não com o lucro dos acionistas.

Exageram quando dizem que a Petrobras toma prejuízo quando “é forçada a comprar de fornecedores nacionais”, ao invés de importar. Desde o governo Lula, estabeleceu-se uma regra que a estatal tem de aumentar as compras de insumos produzidos no Brasil. Isso impulsionou a reestruturação de vários ramos da indústria doméstica (já falidos com Collor e FHC), como de estaleiros navais – com seus milhares de empregos. Além de fôlego à indústria brasileira, a medida também é boa para a própria Petrobras no decorrer dos anos: a redução de custos com a proximidade da base de fornecedores, as inovações em cadeia, a assistência técnica local etc.

Falsificam quando dizem que a Petrobras não tem recursos para investir ou condições a financiar-se. Muito mais que qualquer empresa privada, a estatal brasileira tem acesso a crédito fácil e barato. Ademais, quando o governo faz concessões às empresas privadas, estas logo exigem dinheiro emprestado do próprio governo, via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por que falsificam e exageram? Com a descoberta do Pré-sal, as estimativas mais conservadoras prevêem que as reservas brasileiras de petróleo saltaram dos 12 para quase 100 bilhões de barris. Não por acaso, o Brasil tornou-se alvo prioritário da cobiça das multinacionais do petróleo, as “sete irmãs”.

Depois da descoberta do Pré-sal, sob pressão da base aliada e dos pesados interesses econômicos, o governo Lula manteve os leilões de concessão. Mas, também sob pressão de sua base social, mudou a regra para o regime de partilha, com exigência da participação obrigatória, ainda que minoritária (30%) da Petrobras. As multinacionais petrolíferas, mais ansiosas que nunca, não aceitam. Já estavam preocupadas com a redução de seu espaço de extração. No mundo, hoje, 77% do petróleo extraído está sob controle de estados nacionais por intermédio de empresas estatais. É isso O que explica a agressividade da ofensiva tucano-midiática, a serviço do imperialismo. E explica também as imensas pressões sobre os governos do PT.

Alberto Handfas

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