Caso Marielle revela podridão de estruturas intactas da Ditadura

Qualquer militante democrático só pode se congratular com os avanços nas investigações do caso do assassinato de Marielle e Anderson, que levaram à prisão os suspeitos de serem mandantes do crime, o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão Domingos Brazão, além do ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.

Como diz a nota aprovada pelo Diretório Nacional do PT no dia 26 de março: “Após seis anos de obstrução da Justiça, a correta decisão do governo Lula de federalizar a investigação, que levou à prisão dos suspeitos de serem mandantes do assassinato de Marielle, é um marco na luta contra a violência política e de gênero no país, que esperamos sirva para mobilizar a sociedade contra esta odiosa prática que se abate sobre nossas lideranças.”

Um passo correto pede outro. É importante também investigar e esclarecer qual foi, exatamente, o papel das Forças Armadas neste episódio. Afinal, apenas um mês antes do assassinato de Marielle, o general Braga Netto foi nomeado comandante da intervenção federal no Rio de Janeiro. Apenas um dia antes do crime, o general Richard Nunes nomeou Rivaldo Barbosa chefe da Polícia Civil, isso apesar da contraindicação da Subsecretaria de Inteligência, órgão da própria Secretaria de Segurança Pública do Rio. São apenas coincidências?

No mínimo, Richard Nunes, que precisa ser investigado, não poderia ser nomeado por Lula como Chefe do Estado Maior!

Podridão das instituições
A investigação lançou ainda mais luz sobre o nível de podridão das instituições e a infiltração das milícias e do crime organizado em aparatos de Estado e especialmente nas estruturas mantidas intactas pela ditadura, como as forças armadas e polícias.

O assassino era policial, o motorista que fugiu com o assassino era policial, o responsável por sumir com o carro e armas era bombeiro militar. A munição utilizada foi desviada da Polícia Federal. O chefe da Polícia Civil sabia do crime antes mesmo dele acontecer. Os mandantes, ao que tudo indica até agora, são um conselheiro do TCE do Rio e um deputado federal.

Diante do escândalo, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, espera a coisa esfriar. Ele não tem pressa para votar a legalidade da prisão de Chiquinho Brazão. Para Lira é uma “questão sensível, complexa e grande”. Seria razoável esperar algo diferente? Lira, afinal, é o primeiro homem das podres instituições.

Luã Cupolillo


Rivaldo acobertou mais gente
O delegado Rivaldo, aliás, se notabilizou, tanto como chefe da Polícia Civil, quanto como delegado da Divisão de Homicídios, por acobertar assassinatos cometidos por agentes de segurança. Foi assim no célebre caso do menino Eduardo, uma criança de 10 anos assassinada na porta de casa no Complexo do Alemão em 2015, enquanto brincava com um celular, por um tiro de fuzil disparado por um PM, absolvido por “legítima defesa”. A família, inclusive, exigiu novas investigações após a prisão de Rivaldo. Quais mais investigações serão reabertas?”

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