Em Gaza e na Cisjordânia persiste o genocídio perpetrado por Israel, com apoio de seus cúmplices (ver pág. 11), do povo palestino. Hospitais e escolas continuam sendo bombardeados, crianças são queimadas vivas, seres humanos são vítimas de tiro ao alvo de soldados que debocham e os matam como se fossem formigas. Dezenas de milhares de mortos. Famintos vagam, esqueléticos, pelas ruas destruídas. Ao vivo, é possível assistir à barbárie nas redes, há 600 dias.
No último dia 25/5, após o assassinato de nove dos 10 filhos da médica palestina Alaa Al-Najjar, Lula declarou: “É mais um ato vergonhoso e covarde. Seu único filho sobrevivente e seu marido, também médico, seguem internados em estado crítico. Esse episódio simboliza, em todas as suas dimensões, a crueldade e desumanidade de um conflito que opõe um Estado fortemente armado contra a população civil indefesa, vitimando diariamente mulheres e crianças inocentes.”
Correta, como outras declarações suas. Mas passados um ano e oito meses de massacre, é necessário ir além das palavras. Indignação frente a essa barbárie, milhões a têm mundo afora. Ocorre que Lula é o presidente da república, tem o mandato e a caneta na mão. Se o Brasil não é uma potência imperialista que sustenta o regime sionista, ainda assim pode contribuir para isolar e enfraquecer Israel, como outros países já fizeram, a exemplo do presidente Gustavo Petro da Colômbia. Lula, que já foi declarado persona non grata pelo governo israelense por reconhecer o genocídio, precisa dar mais um passo: romper os acordos comerciais, militares, acadêmicos e as relações diplomáticas. É a melhor forma de se conectar à solidariedade internacional ao povo palestino, que se expressa nas ruas em todas as partes, há vários meses.

Manifestos pedem ruptura e embargo
Dia 28/5, a campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) divulgou um manifesto dirigido à Lula pedindo a ruptura de relações comerciais e diplomáticas com Israel. Intitulado “Carta aberta ao presidente Lula sobre o genocídio do povo palestino e a necessidade de sanções ao Estado de Israel” já conta com mais de 11 mil aderentes e é encabeçado por artistas, como Chico Buarque, intelectuais, deputados, vereadores e organizações políticas, sindicais – como a CUT – e movimentos sociais.
Já a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) enviaram uma carta, também em 28/5, ao presidente da república e ministros solicitando embargo energético. As entidades afirmam que “é essencial que o Brasil adote medidas práticas mais eficazes e robustas […], considerando os acordos militares ainda vigentes do Brasil com Israel. Nesse sentido, solicitam um embargo global total urgente de energia e armas para frear o genocídio, e desmantelar o apartheid e a ocupação ilegal por Israel”.
As federações exigem a responsabilização por crimes de guerra e a imposição de sanções “não apenas como um dever moral, mas também como responsabilidade legal de todos os Estados e pedem que sejam respeitados os pareceres da Corte Internacional de Justiça, impondo um embargo energético interrompendo a exportação de petróleo para Israel, e a paralisação imediata de projetos com empresas de energia israelenses”.
PL da “amizade” com o Estado assassino? Aí não, companheiros!
Em meio a esse show de horrores o Senado Federal brasileiro desenterrou um PL de 2013 (aprovado na Câmara em 2019, com número 5636), que estabelece um “Dia da Amizade” entre Brasil e Israel. A aprovação foi em 20/5, em votação chamada simbólica, sem registro nominal, na qual apenas se pede manifestação dos contrários. Não ocorreu nenhuma. Foi por unanimidade.
Não é surpresa – embora também vexatório – que senadores ligados à direita o aprovassem. Mas e os nove do PT? O que é isso companheiros?! É inadmissível e o partido deveria pedir explicações aos senhores senadores.
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) encaminhou uma carta à Lula solicitando o veto ao Projeto de Lei. “Nos últimos dias, a comunidade internacional tem visto muito do que tem sido praticado […]. É um massacre de civis palestinos”, afirmou a defensora pública Rivana Ricarte, integrante da ABJD. “Entendemos que a aprovação passaria mensagem contrária ao que o governo vem firmando em fóruns internacionais”, ressaltou. Lula tem que vetar esse PL.
Tiago Maciel

Liberdade para o Dr. Abu Safiya!
O genocídio do povo palestino segue na faixa de Gaza e Cisjordânia e o Estado sionista assassino de Israel mantém preso sob tortura milhares de inocentes. A destruição de todos os meios de sobrevivência do povo palestino abrangeu, também, sua estrutura de saúde e seus trabalhadores da área, e desde dezembro o Dr. Abu Safiya continua preso nos porões israelenses.
No último dia 15 de maio completou-se 77 anos da Nakba, a ‘Grande Catástrofe’. Movimento de retirada de palestinos de suas terras após a criação do Estado de Israel pela ONU, e que marcou a expulsão de mais de 800 mil palestinos de suas terras e a destruição de suas vilas. O DAP esteve presente na Assembleia Legislativa ressaltando o genocídio em curso e a campanha pela libertação do médico Abu Safiya. Nesse mês de maio de 2025 estima-se mais de 65.000 mortos em Gaza em dois anos, com mais de 126.000 gravemente feridos e mutilados, 80% da região destruída e 92% das residências atingidas. “Supera-se em 430% os 15 mil assassinados durante a Nakba” ressaltou uma fala no evento.
Estivemos também em reunião articulada pela Dep. Federal Juliana Cardoso (PT-SP) com representantes do ministério da justiça e das relações exteriores, solicitando a esses ministérios enviarem a Israel o pedido de soltura do Dr. Abu Safiya. A deputada se comprometeu a oficiar os ministros reforçando a solicitação. Para acessar a lista e aderir ao manifesto organizado pelo Sindicato dos Médicos de SP: https://tinyurl.com/LiberdadeDrAbu