Marina Silva candidata: o que muda?

Morto, Eduardo Campos foi substituído pela sua vice. O deputado do PSB, Beto Albuquerque é o novo vice da chapa PSB – Rede.

O arranjo promoveu Marina que saiu do PT e não conseguiu legalizar seu partido (Rede) hospedando-se no PSB para esta eleição. Seu vice, Beto Albuquerque foi o articulador da Medida Provisória do plantio de soja transgênica contra a então ministra do Meio Ambiente, a mesma Marina… A bizarra composição foi, destaca a imprensa, “avalizada pela família Campos”.

É esta a propagada “nova política”? Certamente não.

Mão de Deus ou do mercado?

Marina se pretende favorecida pela “divina providencia” por evitar o trágico voo. Na verdade para não se encontrar com Candidato e governador Geraldo Alckmin em Santos. Mas a imprensa comprou a estória. Explorou a crendice popular. O acidente aéreo que vitimou o candidato provocou uma comoção natural, é certo, mas não tem nada a ver comparações com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, ou a doença e morte de Tancredo Neves em 1985, motivo de manifestações históricas ligadas à luta pela emancipação do povo brasileiro. Tem mais a ver com a oportunidade que a reação, o “mercado” e a mídia, viram no acidente.

Enquanto o velho Arraes rompeu com Jarbas Vasconcelos do PMDB quando ele se alinhou com a reação, seu neto Eduardo se recompôs com Jarbas governando para a classe dominante – privatizou tudo que pode e multiplicou favores, até provocar rupturas na própria base, como foi na escandalosa especulação imobiliária no Cais Estelita no centro do Recife, cuja ocupação terminou em choque com a polícia e suspensão do “negócio”.

Seus herdeiros deram mais um passo com a solução Marina-Beto, que é, hoje, um trunfo da classe dominante. Ela se apóia no coro de “unidade nacional” que ocorreu no enterro de Eduardo Campos. Do PSDB ao PSOL e começando pelo Planalto ao exagerar nos três dias de luta oficial enquanto o patrão Gerdau chorava (literalmente).

O economista-chefe de Marina, Gianneti da Fonseca, anunciou que o programa – “ajustes duros, redução de gastos, correção no câmbio e até mesmo nos juros” – é mesmo próximo do PSDB.

O PSB estava mal. Parado nos 8% com Eduardo Campos e aliado ao PSDB em 13 estados, inclusive São Paulo (as exceções são o Amapá e o Rio onde se alia ao PT) caminhava para perder os seis estados que governa inclusive Pernambuco.
Agora, submergido pelas próprias ambições e entregue a Marina e se, como diz o Data Folha, ela recuperar a maior parte dos 30% de eleitores que declaram voto nulo, brancos e abstenção, um de cerco pode mudar a polarização Dilma-Aécio, e ajudar Aécio no 2o turno.

Tudo pede urgente iniciativa da candidata do PT para polarizar com os dois, mas dialogando com o sentimento popular de mudança e reformas de fundo e simbolizado na bandeira da Constituinte que desarma os adversários.
Markus Sokol

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