Estaria o governo buscando outra base de apoio que não aquela que o reelegeu?
Enquanto se acumulam sinais de uma recaída na crise financeira e econômica mundial, com novos ataques aos direitos dos trabalhadores e ações de guerra contra os povos, aqui no Brasil o governo Dilma insiste na mesma política que o isolou de sua base popular e abriu terreno para a ofensiva da direita reacionária em 2015.
Na hora em que Lula se transforma no principal alvo das operações judiciais manipuladas visando a destruição do PT, o ministro Jaques Wagner, segundo o blog de Fernando Rodrigues (UOL), reúne-se com empresários em São Paulo para dizer que “Dilma não recupera mais sua popularidade, mas quer deixar o legado da reforma da Previdência”. Wagner desmentiu a primeira parte da frase (a da popularidade), mas não a segunda.
É o teatro do absurdo. Dilma só não caiu em 2015 graças às mobilizações puxadas pela CUT e organizações do movimento popular e estudantil contra o ajuste fiscal e contra o golpe. A saída do ministro Levy parecia indicar um novo rumo para o governo, mas essa expectativa foi frustrada com o anúncio de privatizações no setor elétrico e de um novo ataque à Previdência pública.
Assim, contra a base social que a elegeu e contra a opinião de seu próprio partido, o PT, Dilma flerta com as propostas da “ponte para o futuro” do PMDB e admite flexibilizar até as regras de partilha no Pré-sal, dialogando com a projeto que Serra (PSDB) apresentou no Senado. Estaria o governo buscando outra base de apoio contraditória com a que o reelegeu?
O que é certo é que Dilma se afasta cada vez mais do mandato popular que recebeu em outubro de 2014. O que ressalta o papel da CUT, que não deve ceder às pressões do Planalto para aceitar retrocessos na Previdência e que deve seguir mobilizando contra os efeitos terríveis da crise imperialista mundial junto com seus aliados dos movimentos populares, contra as privatizações e o ajuste fiscal com seu cortejo de demissões e cortes de direitos, em favor de outra política que preserve o Brasil, seu povo e a classe trabalhadora que o constrói.
A mobilização nacional proposta pela CUT e demais entidades das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo em 31 de março é o momento de concentrar as exigências de mudança de política dirigidas ao governo Dilma.
Ressalta também a responsabilidade dos petistas que querem defender o seu partido da extinção e resgatar as suas melhores tradições, agindo como um verdadeiro Partido dos Trabalhadores para superar o impasse da crise em que se meteu o governo Dilma.
É a serviço desse objetivo que se prepara o Encontro Nacional do Diálogo e Ação Petista de 19 e 20 de março em São Paulo, com reuniões locais abertas à participação de todos os petistas que se identificam com a necessidade de manter uma organização política própria da classe trabalhadora.